para o colectivo de juízes da 1.ª vara criminal de lisboa, no campus da justiça, "ficaram provados todos os factos constantes da acusação" do ministério público. contudo, o tribunal decidiu alterar a qualificação jurídica dos crimes: passou os 11 roubos qualificados para roubos simples.
dulce caroço, de 44 anos, foi condenada, no total, a 27 anos de prisão por 11 roubos simples na forma consumada e por um roubo simples na forma tentada, tendo o tribunal aplicado à arguida, em cúmulo jurídico, a pena única de sete anos e meio de prisão efectiva.
a mulher estava acusada de 11 roubos qualificados – um na forma tentada – e de um roubo simples, a dependências bancárias em lisboa, oeiras, estoril, paço de arcos e parede, entre abril de 2011 e outubro de 2012, tendo arrecadado cerca de 16 mil euros.
em julgamento, apenas uma das vítimas é que identificou, "sem dúvidas", a arguida como sendo a autora do roubo, mas para o colectivo de juízes a restante prova produzida "não deixou dúvidas" de que os crimes foram praticados por dulce caroço.
"a forma de actuação, as declarações proferidas quando abordava as vítimas, a rejeição das moedas em todos os roubos e os fotogramas, que provam que as roupas e os acessórios apreendidos à arguida foram os utilizados nos roubos, não deixam margem para dúvidas de que foi a arguida quem cometeu os crimes", justificou a presidente do colectivo de juízes.
além disso, "a descrição física da arguida feita pelas vítimas" e a "forma serena e calma" como a mesma actuava, reforçam a convicção da culpabilidade da mulher perante o tribunal.
dulce caroço foi ainda condenada a pagar mais de 10 mil euros de indemnização a duas instituições bancárias, lesadas.
"em princípio vamos recorrer da decisão, pois trata-se de uma pena excessivamente severa. além disso, tenho dificuldade em aceitar esta pena quando acho que não foi feita prova em julgamento para condenar a arguida por estes factos", disse carlos bettencourt, advogado da arguida, à saída das varas criminais de lisboa.
dulce caroço encontra-se em prisão preventiva ao abrigo deste processo e assim vai continuar por determinação do tribunal. ficou conhecida entre as autoridades como a "viúva negra", por actuar sozinha, disfarçada com roupa e óculos escuros, boné ou lenço na cabeça e com recurso a uma réplica de arma de fogo de plástico.
segundo o despacho de acusação do ministério público (mp), a mulher terá levado a cabo "12 roubos a dependências bancárias em lisboa, oeiras, estoril, paço de arcos e parede, entre abril de 2011 e outubro de 2012, tendo arrecadado cerca de 16.000 euros".
a acusação sustenta que a ex-cabeleireira – desempregada à data dos factos – agia disfarçada com um lenço na cabeça e óculos escuros e, munida de uma réplica de arma de fogo de plástico, ameaçava os funcionários dos bancos para que estes lhe entregassem o dinheiro.
a arguida foi surpreendida em flagrante delito a 31 de outubro de 2012, após um último assalto a uma dependência do banif, na avenida da república, em lisboa. na ocasião, a mulher foi perseguida e manietada por funcionários bancários, que se aperceberam de que a arma, tapada com um pano, era falsa.
as autoridades apreenderam à arguida uma reprodução de arma de fogo, uma cabeleira postiça, dois óculos de sol, uma mochila, um xaile e duas peças de roupa.
lusa/sol