nesses concursos, dizem-ses as maiores alarvidades, mostra-se o lado mais boçal da vida em sociedade e o nível geral dos participantes é assustador. entre tatuagens e músculos, a coisa mais inteligente que se descortina é o sono. dir-se-á que é o reflexo da sociedade. e talvez seja verdade. afinal, a maioria dos mortais é um pequeno espelho da sociedade em que vive. o que recebem como educação é o que mostram no ecrã.
mas se cada um tem direito a ser feliz à sua maneira, o mesmo não se poderá dizer quando se atingem outros para gáudio da assistência.
claro está que os abutres de uma certa imprensa cheiram sangue e desgraça a léguas e tudo fazem para mostrar o lado mais macabro das vidas dos participantes e das suas famílias e amigos.
digamos que o cenário é de miséria completa. e o que dizer então do espectáculo a que o país tem assistido, desde há pouco mais de uma semana, de um conhecido filósofo e político? não consumo casas dos segredos e afins – embora tenha conhecimento pelas revistas da especialidade, que leio por razões profissionais –, mas o espectáculo dado por manuel maria carrilho ultrapassa e muito o dos filósofos das sandes de courato.
carrilho tem demonstrado o lado mais sombrio da espécie humana. como é que um homem com a sua formação vem para a praça pública acusar a mulher com quem casou há 12 anos e mãe de dois dos seus filhos, de ser alcoólica, à semelhança do pai? se juntarmos a estas declarações deploráveis outras de maior gravidade, percebemos de que raça é o antigo ministro português.
recorde-se que é acusado de agredir a mulher e que esta se terá fartado de tais práticas. se é ou não verdade, os tribunais decidirão. não se compreende é como é que alguém que teve acesso à melhor educação, que foi governante, professor universitário e pensador se comporte desta maneira e que todos os dias debita mais uma alarvidade, acabando a falar em dinheiro. o que há-de pensar então o comum dos mortais?
carrilho fez dos participantes das casas dos segredos verdadeiros filósofos e pessoas de bem comparados consigo. vivemos numa sociedade que quer sangue e o caso carrilho versus bárbara guimarães ainda terá muitos episódios decadentes, até porque já se percebeu que o artista principal está disposto a tudo.
vitor.rainho@sol.pt