assim sendo, esta é a profecia: vamos ter cautelar e eleições em junho/julho. ocorreu-me uma dúvida: e se a troika não exigir o acordo do ps?
lendo as linhas de orientação para os programas de apoio pós-resgate, que estão publicadas no site do mecanismo de estabilidade europeu, nada indica que esse venha a ser um passo exigido. o próximo programa terá a duração de um ano, prorrogável por seis meses (e outros seis depois destes). esse ano terminaria em junho de 2015, ainda dentro do prazo de vida deste governo. se assim for, o apoio do ps serviria para quê?
claro que sei a resposta para esta pergunta: para tranquilizar. não a desmereço: é óbvio que seria desejável que existisse essa disponibilidade para um acordo global de ajustamento a médio prazo. já o defendi várias vezes, muito insistentemente quando o presidente da república abriu as ‘negociações de salvação nacional’.
mas quando hoje ouvi cavaco silva insistir nos acordos, já me pergunto se serve de alguma coisa insistir no ponto. diria isto: o governo não tem só uma maioria absoluta, tem também um mandato dos portugueses. deve procurar sempre os outros (partidos políticos e parceiros sociais) para melhorar as suas propostas e recolher contributos. mas não pode perder mais tempo com conversas hipotéticas.
isto deve valer também para a troika: se o custo de um apoio mais amplo for o de eleições antecipadas, servirá para quê forçar esse apoio? para ter mais seis meses com o país parado à espera de nova maioria?
é claro que digo isto sem certezas. por mim, desde 2009 que tínhamos um bloco central a governar o país (escrevi-o na altura devida e estou certo que vamos acabar lá – tarde demais, porventura). mas depois de um ano onde o único ajustamento que existiu foi à custa dos nossos impostos, pergunto-me se não era a altura de pegar no guião e pô-lo em prática. quanto ao ps, que tenha tempo e saúde para preparar o seu caminho. vai precisar dele.
p.s. todo este cenário muda radicalmente se o país for empurrado para um segundo resgate. aí sim, talvez o melhor seja ir para eleições.