falo de gloria gaynor, sinéad o’connor e annie lennox, entre outras, que decidiram pregar moral, acusando-as de estarem ao serviço da indústria discográfica e de venderem apenas pornografia barata nas suas actuações.
não sei que ideia terão as acusadoras do seu próprio passado, mas não será difícil imaginar que terão ‘escandalizado’ algumas mentes mais sensíveis de então.
nos tempos que correm é natural que fenómenos como miley cyrus ou rihanna ‘joguem’ os trunfos da provocação. muitas das vezes, gratuitamente e sem grande encanto. mas é a vida. o mesmo fazem madonna e lady gaga e não merecem tantas reprovações.
ao longo dos tempos sempre houve conflitos geracionais e o que me custa perceber é como aqueles que foram censurados e criticados entram no mesmo discurso que reprovaram anos antes. é absolutamente ridículo ver músicos que levaram uma vida de excessos e depois se transformaram em vegetarianos acusarem os outros de serem maus exemplos. o caso mais caricato é dado por grandes personagens que só não se drogaram com lixívia e agora não deixam nos seus concertos os espectadores fumarem. é claro que a culpa é de quem se sujeita a tais ditaduras.
numa época em que cada vez se vendem menos discos e os artistas vivem dos concertos que dão, é natural que tentem sacar coelhos da cartola que iludam o público. público que cada vez é mais novo e adepto de coisas virtuais, logo mais sensível a palhaçadas infantis. dizer que miley cyrus é sexy quando brinca com um microfone gigante ou quando dá à anca com um parceiro por trás é o mesmo que dizer que annie lennox alguma vez foi um sex symbol.
o mundo está tão diferente e o sexo é ‘jogado’ de uma forma tão banal que há mesmo quem diga que vai fazer uma obra de arte perdendo a sua virgindade em público. são estes fenómenos que preenchem as redes sociais e é para esses que as miley cyrus da vida cantam. para alguém que acha que o máximo é mostrar ao mundo que a provocação não tem limites e que está na vanguarda da loucura. é lá com eles.
vitor.rainho@sol.pt
