“portugal ficou sem um ponto de referência”, admitiu quinta-feira o ministro marques guedes. “não vai existir doutrina”, resume fonte do governo ao sol. as incógnitas são, por ora, grandes. é preciso saber como se vai comportar a economia europeia (portugal viu confirmado o crescimento pelo terceiro trimestre consecutivo), qual a resposta da alemanha à crítica da comissão europeia sobre o seu excedente comercial, quando merkel terá governo ou qual o papel do banco central europeu em futura compra de dívida dos países.
para este “puzzle”, como é referido no governo, o principal deputado do psd para as finanças, miguel frasquilho, defende que portugal ainda pode vir a ter um período de carência de juros de três anos e uma extensão adicional dos prazos de pagamento dos actuais empréstimos.
o sobressalto machete
numa semana em que estava a receber boas notícias (recuo do desemprego para 15,6%, subida de exportações em 9,8%, e a moody’s a rever em alta o rating da dívida, de negativo para estável), o governo ficou em sobressalto com o efeito das declarações de rui machete na índia, ao falar em segundo resgate e num limite da taxa de juro de 4,5%.
passos e portas vieram corrigir machete, dizendo que o importante não são as taxas, mas a determinação do governo em cumprir o memorando. “o problema é de percepção externa relativamente ao país”, explica ao sol um membro do governo.
mas, no executivo, é real o receio de disparo das taxas da dívida pública e de um segundo resgate também – a própria troika o assume nas conclusões da 8.ª e 9.ª avaliações. o relatório do fmi diz que “o caminho para reganhar total acesso aos mercados quando o programa acabar em maio é estreito”.
os 4,5% apontados por machete coincidem com a taxa dos empréstimos a dez anos que vencem em 2104. segundo o igcp, a taxa a pagar por esses empréstimos vai ser de 4,3%. “a única coisa que vamos ter saudades da troika é dos juros que lhe pagamos”, comenta fonte do governo, referindo-se à taxa de 3,3% que agora é paga por portugal.