O feliz acidente dos Buraka

“Os Buraka são um acidente”. A frase, dita por Branko, é a primeira afirmação que se ouve em Off The Beaten Track – o documentário que retrata dois anos na vida dos Buraka Som Sistema pós-aclamação mundial – e surge durante uma discussão entre os membros da banda num pub londrino. Mostrar imediatamente o objecto…

hoje vai acontecer a primeira exibição do documentário em portugal – na aula magna, em lisboa, seguido de um concerto e de uma after party no lux, naquilo que condutor chama de “overdose de buraka” –, mas a estreia mundial aconteceu em outubro, em londres, numa sala esgotada.

evitando o “lugar comum” do filme biográfico, joão pedro moreira quis fazer “um retrato de agora” do grupo, mostrando as influências e inspirações de branko, riot, condutor, kalaf e baya. “os buraka são uma das bandas mais importantes e influentes na música de dança actual e conseguiram criar algo novo, algo sem rótulo. no início chamaram-lhe kuduro progressivo porque não sabiam que nome lhe dar, mas o que eles fazem é buraka. não há mais ninguém a fazer aquilo”, diz o realizador, explicando também as suas motivações para passar dois anos ‘na estrada’ com a banda.

durante uma hora de filme acompanhamos os buraka pelos subúrbios musicais – seja da amadora ou de luanda, seja de caracas ou de maputo –, num processo de pesquisa constante. “sempre fomos muito virados para aquilo que é a música de fusão. misturar mundos que na cabeça da maioria das pessoas não funcionam, como ter um rufar de mirandela com uma voz em inglês por cima e uma batida electrónica, para nós faz todo o sentido”, explica condutor, sublinhando que, para ele, o grande objectivo de off the beaten track é mostrar o que os “move enquanto criadores”.

para já esta é a única projecção do documentário em portugal, mas daqui a um mês a banda vai disponibilizar gratuitamente na internet uma versão mais reduzida, de meia hora, do filme. no futuro, há a possibilidade de se lançar um dvd. até lá, os buraka estão em estúdio, a preparar o próximo disco, que deverá sair no primeiro semestre de 2014. sem adiantar muito sobre o registo, condutor revela que “a exploração de novas sonoridades e fusões continua” bastante presente.

alexandra.ho@sol.pt