decorria o europeu de 1996 e portugal discutia com os checos um lugar nas meias-finais. um grupo de jornalistas nacionais estava, a convite, no nordeste brasileiro para conhecer as riquezas naturais. recordo-me que fomos recebidos por um governador e vários prefeitos de três estados. o objectivo, como era óbvio, passava por encantar os ‘escribas’ nacionais, que de regresso ao seu país retratariam o que de melhor tinham visto. estávamos na fase em que os turistas portugueses começaram a descobrir o brasil, sem ser sinónimo de rio de janeiro. quando soubemos a hora do jogo, logo tratámos da logística que nos permitiu encontrar uma televisão onde poderíamos assistir ao encontro. a derrota deixou-nos um certo sabor amargo, mas como estávamos em modo de ‘férias’, rapidamente foi esquecida.
17 anos depois, agora em luanda, assisti à magnífica vitória de portugal sobre a suécia a caminho do mundial que se realizará no brasil no próximo ano. para ver o jogo, escolhemos um restaurante em talatona, onde os portugueses estavam praticamente sozinhos, tirando os empregados e alguns italianos. nós vibrámos, como é óbvio, com o primeiro golo de cristiano ronaldo. não sentimos alguma animosidade na sala e até alguns empregados se juntaram à festa. os italianos acabaram por abandonar o jogo a meio e quando os suecos empataram ficou um clima bem mais frio. um grupo de expatriados portugueses festejava um aniversário e o jogo não tinha sido a razão principal da sua presença ali.
mas é claro que quando o jogo terminou, houve palmas e alguns vivas a cristiano ronaldo.
e foi precisamente o nome do craque português que mais se ouviu naquela bela sala onde jantámos enquanto assistimos ao jogo. cristiano ronaldo é, sem qualquer sombra de dúvida, um dos grandes ícones do país, que consegue conciliar adeptos à sua volta e recrutar apoiantes para a causa portuguesa. em luanda ou singapura, nova iorque ou moscovo, basta pronunciar o seu nome para logo se associar o país de origem: portugal. é a grande marca nacional e, apesar de todas as suas ‘manias’, merece ser respeitado por isso mesmo. parabéns ao grande craque nacional que até contribuiu para dar uma ‘pequenina’ folga à tão afamada crise económica.l
vitor.rainho@sol.pt