MexeFest: lisboetas rendidos a Daughter [fotos

Eram um dos destaques da programação, mas ninguém fazia prever a devoção de que foram alvo no Coliseu dos Recreios, no segundo dia do Vodafone MexeFest. Com apenas um disco editado, “If You Leave”, os britânicos Daughter apresentaram-se em Lisboa perante um público que conhecia na ponta da língua o seu repertório (até mesmo as…

mal entrou em palco, a doce e tímida elena tonra, de apenas 23 anos, foi brindada com um audível “mary me (casa comigo)”, atirado por um espectador nas primeiras filas. da plateia pareceu-nos ver a vocalista do trio londrino (em concerto acrescentam mais um elemento) corar, mas as luzes do palco não deixaram confirmar. a verdade é que o sorriso nervoso e surpreendido que soltou prolongou-se durante todo o concerto, ao ponto de ter mesmo de interromper uma canção para ganhar fôlego para continuar.

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naquele que foi o seu último concerto do ano, os daughter mostraram que, ao vivo, as canções introspectivas de “if you leave” ganham mais ritmo graças a uma percussão energética. ainda assim, é o ambiente mais íntimo e despido que estas canções têm que conquista tanto adeptos e lisboa presenciou um daqueles momentos especiais de intensa partilha que criam devoções mútuas.

mal o concerto dos daughter terminou, foi uma correria avenida da liberdade acima para se garantir lugar na sala manoel de oliveira do cinema são jorge, no concerto do norueguês erlend oye , uma das metades dos kings of convenience. com uma sala completamente lotada, e muita gente na fila à espera de uma oportunidade para entrar à medida que começassem a haver desistências, a plateia rendeu-se ao músico às suas primeiras palavras: “olá. é fantástico estar aqui. é fantástico vocês quererem ouvir música e eu tocar música”, disse, antes de pegar na guitarra acústica para interpretar ‘thirteen’, canção dos big star, popularizada por elliott smith. mas o espectáculo não era de covers – apesar de se terem ouvido mais uns quantos pelo caminho, como ‘grande grande grande’, canção “muito conhecida em itália”, e ‘tarde em itapuã’, de vinicius de moraes, pelo guitarrista de suporte maurizio – mas sim de apresentação do novo álbum a solo, la prima estate.

a viver actualmente na sicília, em itália, erlend oye fez-se acompanhar, lá está, pelo italiano maurizio e por victor, um flautista que o músico diz ter conhecido em berlim, e apresentou-os como os substitutos da banda de reggae com quem tem estado a gravar o novo álbum, na islândia. “não é fácil trazê-los em digressão”, mencionou, sempre bem humorado.

além de daughter e erlend oye, os outros destaques da noite foram a dinamarquesa oh land (que apresentou um espectáculo energético na estação do rossio), legendary tigerman (também ele com honras de sala esgotada no cinema são jorge), gisela joão (que além do seu repertório normal arrepiou, à semelhança do que já tinha feito com nicolas jaar, no lux, com uma versão de ‘os vampiros’, de josé afonso) e o canadiano moonface (projecto de spencer krug, que lotou a igreja de são luís dos franceses com a sua música confessional).

alexandra.ho@sol.pt e raquel.carrilho@sol.pt