sozinha e sem qualquer ajuda, passou a ter mais dificuldade em pagar os bens essenciais e algumas das contas habituais, nomeadamente o condomínio, que no seu caso tem um valor de 35 euros por mês. “entre luz, água, gás, alimentação e transportes, não sobra mais nada para fazer face a outras despesas, nomeadamente o condomínio, que se tornou um peso difícil de cumprir. a dívida começou a crescer e tive de encontrar mais alguns trabalhos para começar a pagar o que está em atraso”, revela maria.
este é um dos muitos exemplos de famílias portuguesas que neste momento não conseguem cumprir e pagar todas as obrigações financeiras. e no momento de cortar despesas fica de fora, na maioria das vezes, o condomínio.
mas ser proprietário de um imóvel não representa apenas o interior da casa, mas também os espaços comuns de todo o prédio. cabe a todos os proprietários de qualquer edifício de habitação, serviços, escritórios ou de qualquer outro imóvel zelarem pela manutenção, conservação e limpeza desses espaços, assim como da estrutura dos edifícios em caso de degradação e reparação.
é habitual e obrigatório existir uma despesa mensal ou anual, a repartir entre todos os proprietários, para cobrir esses gastos comuns.
dívida subiu 2%
paulo antunes, ceo da ldc – loja do condomínio, adiantou ao sol que, nos últimos dois anos, houve um agravamento dos valores em dívida de 2%. “a cobrança de quotas de condomínio tem vindo a tornar-se uma tarefa mais difícil, principalmente quando se trata de quotas extra, para fazer face a imprevistos”, explica.
o gestor revela que a principal forma de gerir o problema é tentar evitá-lo, mas há outras duas hipóteses. uma é o pré-contencioso, onde se tenta chegar ao pagamento, ou a um acordo de pagamento. se esta fase não resultar, deve-se enveredar pela via judicial, pois só assim se garante o funcionamento do condomínio. “nesta questão, que pode parecer um pouco dura, é preciso ter em conta que o condomínio tem muita relevância na manutenção do valor das casas. com a oferta imobiliária actual, dificilmente se vende uma fracção num condomínio degradado, e a manutenção é uma responsabilidade de todos”, salienta.
paulo antunes tem consciência de que as famílias enfrentam orçamentos mais restritivos, e o condomínio choca com várias outras despesas. lembra que a loja do condomínio pode ajudar, desde logo na optimização do orçamento: que custos estão a mais e/ou que custos estão subavaliados, trazendo logo uma transparência total ao nível do que se paga e para quê. “aqui temos, desde logo, uma intervenção muito activa na negociação com fornecedores e na optimização dos serviços, tendo em conta as reais necessidades do condomínio e dos condóminos”, esclarece.
segundo um estudo da deco proteste, as dívidas do condomínio acabam por causar muitas vezes a degradação das relações dos proprietários e são 34% das causas apontadas para uma má vizinhança. segundo o estudo, é o principal motivo para os problemas mais comuns dos prédios.