Luanda

O calor que se faz sentir em Luanda não aconselha ninguém a procurar espaços fechados. Por isso, as discotecas e bares têm, na sua maioria, espaços ao ar livre, até porque o frio não é muito chegado a estas bandas durante o ano inteiro. Mesmo em plena época do cacimbo, durante os três meses que…

voltando ao calor, um dos dados mais engraçados das noites luandenses é o convívio entre os angolanos e os outros povos, com especial incidência sobre os portugueses. somos um povo que gosta de conhecer outros mundos e a cada visita a luanda noto que há cada vez mais casais ‘mistos’. por outro lado, há um grupo de expatriados, com profissões semelhantes, que tudo faz para se dar quase exclusivamente entre si. jantam em grupo, divertem-se em grupo e tomam o pequeno-almoço em grupo. nas discotecas formam uma mancha branca e percebe-se que a união faz a sua força.

mas a maioria nada tem a ver com esse comportamento. são cada vez mais as mulheres portuguesas, à semelhança das espanholas, que se aventuram por luanda, fugindo ao ‘grupinho’ dos seus conterrâneos. adoram ser o centro das atenções e denotam um à-vontade de fazer inveja aos homens. mas estes também simpatizam com a causa da diversidade e seguem o mesmo caminho.

na semana que agora terminou fui a duas festas, ambas no sábado, e pude mais uma vez constatar essa realidade. na primeira, a seguir à tradicional cerimónia de lançamento de um novo produto, seguiu-se um jantar volante onde as músicas brasileiras e angolanas ditaram leis. nesse momento pensei que há músicas que nos sabem muito melhor em determinadas latitudes. yola semedo é uma delas. sempre que estou em luanda adoro ouvi-la, mas quando chego a portugal raramente o faço.

a meio da noite arrancámos para a festa de que todos falavam e onde estava boa parte da sociedade mais bem sucedida de angola. como seria de esperar, os mais bem vestidos jogavam em casa, enquanto os forasteiros apresentaram-se com a naturalidade que os caracteriza num domingo à tarde. curioso foi ver alguns ‘tugas’ bem empoleirados no privado como se fossem as estrelas da festa. em angola ou portugal as coisas não mudam….

vitor.rainho@sol.pt