na base deste impasse está um imbróglio jurídico que só poderá agora ser desatado com a reforma do actual capelão-chefe, pedida há duas semanas, soube o sol.
de acordo com o entendimento do governo sobre as novas regras da assistência religiosa, o bispo das forças armadas e da segurança deve ser ao mesmo tempo capelão-chefe, situação que deixou de se verificar quando o bispo cessante, d. januário torgal ferreira, se reformou em 2009. na altura, manteve-se como bispo das forças armadas, mas foi escolhido o padre amorim para capelão-chefe, que agora pediu para sair para desbloquear o processo.
quando chegou ao governo a indicação de que a nunciatura já tinha escolhido novo bispo das forças armadas, o ministro da defesa deparou-se com a situação de já haver um capelão-chefe em funções, nomeado por despacho conjunto da defesa e da administração interna.
fontes ligadas ao processo, ouvidas pelo sol, consideram que a culpa do imbróglio neste processo foi da nunciatura, que não acautelou devidamente o processo de sucessão de d. januário.
o assunto está a ser dirimido pela defesa e os negócios estrangeiros, entidade a quem compete lidar com a igreja católica. enquanto isso, d. manuel linda permanece em braga, onde ainda é bispo auxiliar.
o capelão-mor pode ser equiparado a general, ou seja, recebe salário do estado, e vai chefiar os cerca de 40 capelães todos eles militares.
de acordo com a nova lei de assistência religiosa, pode existir mais do que um capelão-chefe por cada confissão professada, desde que haja um mínimo de 15 capelães dessa confissão.
homenagem privada a 25 de novembro
d. januário torgal ferreira, que criticou muitas vezes a classe política, incluindo o actual ministro, foi homenageado em novembro pelos quatro chefes militares, num jantar reservado na messe da força aérea. o jantar teve lugar no dia 25 de novembro, exactamente à mesma hora em que decorria na antiga fil uma outra homenagem, ao ex-presidente da república ramalho eanes.
a relação entre torgal ferreira e aguiar-branco é tensa e chegou a haver troca de palavras em público. no ano passado, o bispo acusou na tvi o governo de ser “profundamente corrupto” e comparou “alguns” ministros a “diabinhos negros”. o ministro da defesa reagiu, desafiando torgal ferreira a apresentar na procuradoria-geral da república as provas que fundamentavam a acusação e a escolher entre a sua função de membro da igreja ou a de comentador político.