se uns dizem que isto só lá vai à paulada, outros defendem que os governantes têm de ser humilhados com ovos podres e tomates maduros. muitos destes activistas radicais defendem que o povo se deve revoltar e que não percebem por que não o faz. como se o problema estivesse nessa não acção. acredito que tais pensadores não se deram ao trabalho de pensar por que tal não acontece. se o tivessem feito, talvez chegassem à conclusão que o povo não se rebela por não acreditar em soluções milagrosas de vendedores de banha da cobra.
é mais ou menos pacífico que o actual governo perderá as próximas eleições e que o freguês que se segue, o ps, terá o mesmo colete de forças para governar. sem pagarem as dívidas, muito dificilmente conseguirão dar ‘novos’ amanhãs aos portugueses.
mas os tais escribas insistem que isto não pode ser assim. que não se pode esperar pelo fim do mandato do actual governo, em 2015, e que o poder tem de cair nas mãos do povo, leia-se neles próprios. até parece que são os detentores da verdade absoluta e que, simultaneamente, são os grandes educadores da classe operária. já vimos este filme e com os resultados que se conhecem…
não deixa de ser curioso que tais figuras façam com que quem não tem simpatia pelos partidos do governo se torne defensor deles. porque foram eleitos pela maioria dos portugueses e porque têm toda a legitimidade para governar. goste-se ou não.
voltando ao princípio da crónica, em que é que me fazem lembrar os tais episódios contados por angolanos e moçambicanos? é simples. quando os portugueses abandonaram esses países, muitas lojas de comida foram incendiadas, provocando, obviamente, uma escassez de produtos que causaram a fome a milhares de pessoas. aqueles que hoje em portugal defendem a queda do governo pela violência, mais não estão a fazer do que incendiar o país. onde iríamos buscar financiamento para pagar a médicos, polícias e restantes funcionários públicos? quantas empresas não iriam à falência provocando um aumento exponencial do número de desempregados? seria bom que tivessem algum juízo e deixassem de pensar apenas em si e se preocupassem verdadeiramente com os outros. é certo que, actualmente, o pensamento ainda é livre e que podem dizer os maiores disparates. mas se alguns desses chegassem ao poder, e não estou a falar de líderes como antónio josé seguro, o pensamento passaria a ser único.