Só há um curso para este Rio

Não vale a pena entrar em grandes especulações, porque a entrada de Rui Rio no placo da política nacional só tem cabimento num cenário: o de Portugal falhar redondamente a saída deste resgate e ser obrigado a um segundo pacote de ajuda externa, em tudo igual ao que temos desde 2011.

é para isso que rio se posiciona – e bem, para o psd e para o país. se tudo falhar com passos e tivermos de começar tudo do zero (do menos 10), passos pode sair da liderança, abrindo caminho em eleições a alguém suficientemente sólido e desligado de tudo isto para que o psd consiga ir a eleições em condições razoáveis. rui rio seria, nesse cenário, o equivalente social-democrata a ferro rodrigues, que quase conseguiu ganhar as legislativas de 2002 a barroso. acreditem: há no psd e até no ps quem ache isso possível, se tudo ruir entretanto.

em todos os restantes cenários, rio dificilmente regressará com ambições de liderar o partido. não o vejo a entrar no partido depois de perdidas umas legislativas para ser o número dois de um bloco central que terá que fazer o resto do ajustamento. não o vejo também a disputar o cargo a passos antes de este ter acabado (bem ou mal) a sua missão.

de todo o modo, o semi-regresso de rio é bom. porque põe o psd a pensar e não há muitos que o consigam. porque tem um discurso sensato e equilibrado, que ajuda ao debate público. porque é um homem decente e que não precisa da política para viver, coisa que infelizmente é mais rara do que devia.

david.dinis@sol.pt