Fomentar o crescimento e a actividade económica, colocar o Banco europeu de investimento “sob a direcção do Banco Central Europeu” (BCE) e consolidar a união económica e monetária foram os dois primeiros desígnios enunciados por Panos Kalogeropoulos.
“Existe uma palavra muito apreciada na Grécia e Portugal chamada união bancária, que garanta os depósitos a nível europeu”, recordou em entrevista à Lusa na embaixada do seu país.
“É um assunto complexo, que enfrenta muita resistência, mas precisamos que a nossa moeda única, abalada pela crise desde 2008, se torne o mais sólida possível e imune a mudanças dramáticas como as que já ocorreram”, acrescentou o diplomata helénico, 57 anos, com uma longa carreira no ministério e destacado em Lisboa desde Agosto.
O asilo político e a imigração, “tema que ganhou actualidade nos últimos meses devido à palavra Lampedusa”, será outra área de actuação na quinta presidência helénica desde a adesão do país balcânico e mediterrânico à União em 1981.
“Mas Lampedusa é apenas a ponta de um iceberg que flutua no Mediterrâneo há vários anos. E a Grécia, como a Itália, Malta e outros países situados nas fronteiras externas da UE, sabem muito bem o peso e os desafios que provocaram nas nossas sociedades”, sublinhou.
A necessidade em “despender milhões para proteger as fronteiras marítimas da União e alojar essas pessoas que chegam à Europa em busca de um futuro melhor” e uma “abordagem global ao fenómeno da imigração ilegal, porque também implica outros perigos para a segurança pública” serão ainda temas que os responsáveis gregos vão impor nas reuniões dos 28.
A última área do programa, a política marítima, ao contrário de prever novas medidas legislativas deverá apontar “para uma temática horizontal que atravesse diversas políticas da UE, desde a pesca, ambiente, segurança marítima, zonas marítimas”, explicou Panos Kalogeropoulos.
“Esperamos que os países do sul da UE, como Portugal, apoiem estas prioridades que estabelecemos”, adiantou.
Ainda numa referência à evolução interna da Grécia e aos seus desafios internacionais, o diplomata reconheceu que a situação permanece “crítica” em termos económicos, assegurou que em termos políticos não existem “motivos para preocupação” devido a um “sistema parlamentar que funciona, um governo composto por dois partidos”.
Mas admitiu uma “fermentação na sociedade devido à incerteza, devido ao desemprego que é muito elevado”, cerca de 27% segundo os números oficiais, “devido ao facto de a Grécia se confrontar com o sexto ano consecutivo de recessão. Nestes anos, a economia grega perdeu quase um quatro do seu PIB, é uma situação trágica e com muitas consequências”.
A consolidação fiscal, com o défice primário do orçamento em relação ao PIB reduzido em 9,3% desde 2009, “uma proeza espantosa de acordo com os padrões internacionais”, a redução do défice da balança corrente, ou a perspectiva de crescimento de 0,6% para 2014, são outros registos sublinhados pelo embaixador.
A consolidação orçamental perspectiva ainda, segundo Panos Kalogeropoulos, a possibilidade de os credores internacionais e os países da zona euro “aliviarem o peso” da dívida grega.
“Seria de importância capital para a nossa economia caso pudéssemos alargar o prazo do reembolso, ou baixar as taxas de juro que pagamos. Isto apenas ficará claro na primavera de 2014, quando o Eurostat confirmar os dados que esperamos alcançar”, a comprovação “que estamos no caminho certo”, explicitou.