o bispo auxiliar de braga, d. manuel linda, foi nomeado pelo papa francisco bispo das forças armadas no dia 10 de outubro, mas dois meses depois ainda não está em funções.
na base deste impasse está um imbróglio jurídico que só poderá agora ser desatado com a reforma do actual capelão-chefe, pedida há duas semanas, soube o sol.
de acordo com o entendimento do governo sobre as novas regras da assistência religiosa, o bispo das forças armadas e da segurança deve ser ao mesmo tempo capelão-chefe, situação que deixou de se verificar quando o bispo cessante, d. januário torgal ferreira, se reformou em 2009. na altura, manteve-se como bispo das forças armadas, mas foi escolhido o padre amorim para capelão-chefe, que agora pediu para sair para desbloquear o processo.
quando chegou ao governo a indicação de que a nunciatura já tinha escolhido novo bispo das forças armadas, o ministro da defesa deparou-se com a situação de já haver um capelão-chefe em funções, nomeado por despacho conjunto da defesa e da administração interna.
fontes ligadas ao processo, ouvidas pelo sol, consideram que a culpa do imbróglio neste processo foi da nunciatura, que não acautelou devidamente o processo de sucessão de d. januário.
o assunto está a ser dirimido pela defesa e os negócios estrangeiros, entidade a quem compete lidar com a igreja católica. enquanto isso, d. manuel linda permanece em braga, onde ainda é bispo auxiliar.
o capelão-mor pode ser equiparado a general, ou seja, recebe salário do estado, e vai chefiar os cerca de 40 capelães todos eles militares.
de acordo com a nova lei de assistência religiosa, pode existir mais do que um capelão-chefe por cada confissão professada, desde que haja um mínimo de 15 capelães dessa confissão.
homenagem privada a 25 de novembro
d. januário torgal ferreira, que criticou muitas vezes a classe política, incluindo o actual ministro, foi homenageado em novembro pelos quatro chefes militares, num jantar reservado na messe da força aérea. o jantar teve lugar no dia 25 de novembro, exactamente à mesma hora em que decorria na antiga fil uma outra homenagem, ao ex-presidente da república ramalho eanes.
a relação entre torgal ferreira e aguiar-branco é tensa e chegou a haver troca de palavras em público. no ano passado, o bispo acusou na tvi o governo de ser “profundamente corrupto” e comparou “alguns” ministros a “diabinhos negros”. o ministro da defesa reagiu, desafiando torgal ferreira a apresentar na procuradoria-geral da república as provas que fundamentavam a acusação e a escolher entre a sua função de membro da igreja ou a de comentador político.