Rui Rio: ‘Não há nenhum D. Sebastião’

Rui Rio foi deputado do PSD durante dez anos, presidente da Câmara do Porto em coligação com o CDS e chefe do aparelho dos sociais-democratas, mas nenhum destes cargos constitui óbice a que tivesse sido hoje apresentado pelo presidente da Associação dos capitães de Abril como “o novo D. Sebastião”. Rio sorriu perante o elogio,…

na véspera à noite, tinha dito aos jornalistas que “não estava virado” para uma candidatura ao psd, mas esta quarta-feira limitou-se a dizer que não queria “responder a nada que tenha a ver com notícias dos últimos 30 dias ou dos próximos 30 dias”. “quero falar do que é estrutural”, afirmou perante uma plateia, essencialmente, de esquerda que o aplaudiu por diversas vezes.

no final, e aos jornalistas, diria que “não há nenhum d. sebastião e não há em portugal super-homens que podem fazer milagres”. rio afirmou-se concentrado na sua nova vida profissional, assunto que veio tratar a lisboa, esquivando-se a entrar em detalhes.

durante a conferência-almoço, organizada pelo blogue ânimo, rio criticou os partidos por “não responderem” aos problemas das pessoas mas apenas estarem preocupados com a sua própria sobrevivência. “os partidos tem de funcionar de forma diferente, assim não pode ser”, disse, considerando ainda que os cargos políticos estão hoje. “profundamente desprestigiados”.

sobre a crise, considerou que “a crise que vivemos não é económica, mas política” e alertou para que o país está “a caminhar para uma ditadura sem rosto”, que é “o enfraquecimento do poder” perante os interesses corporativos.

em resposta a questões, o ex-autarca do porto admitiu ser favorável ao voto obrigatório e ao voto preferencial para a escolha dos deputados. “e se a abstenção elegesse cadeiras vazias no parlamento?”, lançou.

no início do almoço, o coronel vasco lourenço, presidente da associação 25 de abril, tinha desafiado rio a “agir”. “não se ponha numa posição de espera e actue já”, pediu, chamando ao ex-autarca do porto “o novo d. sebastião”. lourenço criticou mesmo “os que estão à espera que o poder caia do céu aos trambolhões”: “temos o país cheio de pessoas desse tipo”, disse.

o bom clima de entendimento na sala entre orador convidado e plateia só tremeu quando rio considerou, acerca das pensões de reforma, que o actual sistema não é “de capitalização mas de redistribuição das pensões” e surgiram várias vozes a contrariá-lo.

helena.pereira@sol.pt