Bruno Maçães: ‘Sacrifícios tinham de acontecer’

O ex-assessor político do primeiro-ministro garante que “os sacrifícios teriam que acontecer sempre” e que “o empobrecimento foi provocado” pelo anterior Governo.

como é que os parceiros europeus estão a olhar para portugal nesta fase final do programa – comparativamente com o momento da crise política de julho?

no que diz respeito à questão orçamental, há a percepção de que portugal está numa trajectória coerente de consolidação. do ponto de vista económico, existe muito interesse pelos resultados e pelo progresso de transformação estrutural da economia. houve um aumento de 25% das exportações em três anos. se as empresas portuguesas conseguem competir nos mercados internacionais apesar das grandes desvantagens no acesso ao crédito, isso significa que noutros factores de competitividade os ganhos estão a ser muito significativos.

e do ponto de vista político?

portugal mostrou grande maturidade no verão na forma como ultrapassou, rapidamente, a crise política. a coligação está muito estável e isso era condição essencial para se sair do programa.

e perceberam a saída de gaspar?

existe uma confiança total na política orçamental portuguesa e nos responsáveis por essa política, nomeadamente, na ministra das finanças. sobre isso nunca houve dúvidas, porque sabem que o rumo essencial da política orçamental se manteve o mesmo.

teme que saindo a troika portugal seja mais difícil de governar?

estou optimista porque o país mostrou grande maturidade. a estabilidade política e social foram preservadas. e este governo teve o mérito de fazer reformas para aumentar a competitividade e não alimentar ilusões – embora a estratégia da oposição tenha sido sempre a de as alimentar. estou decepcionado com o ps, que tem insistido em que um determinado número de soluções podem ser obtidas sem sacrifícios – que evidentemente teriam que sempre acontecer num processo tão difícil. o ps mostra muitas vezes algum regozijo com as más notícias e alguma preocupação com as boas notícias.

vai celebrar o fim do resgate como um novo 1640, como diz portas?

é um dia muito importante para portugal porque mostra a nossa capacidade de resolver os problemas. e transmitirá a mensagem de no futuro entrar no rumo de prosperidade.

o empobrecimento é caminho para a prosperidade?

o empobrecimento foi provocado pelo anterior modelo económico insustentável. foi uma estratégia, suponho que inconsciente, do governo anterior. não deste.

como passista puro, como definiria o passismo?

este governo e este pm têm representado sobretudo uma ideia que é decisiva para o país: criar uma sociedade mais aberta ao mundo e à participação de todos em portugal, uma economia mais democrática e com oportunidades iguais para todos, em que exista menos controle por parte de determinados grupos de interesses.

helena.pereira@sol.pt