‘Diferença de discursos da troika não pode ficar em claro’

Diogo Feio, eurodeputado do CDS-PP e membro da comissão de avaliação da troika no Parlamento Europeu, frisa que o acordo do IRC aproxima Portugal do exemplo irlandês.

como leu as declarações de mario draghi sobre a necessidade de um programa no pós-troika?

devem ser entendidas precisamente no âmbito da pergunta que por mim foi colocada. uma pergunta geral, e nunca para o caso nacional em concreto, sobre condicionalidades para o fim dos vários programas de ajustamento. na resposta a uma pergunta anterior, mario draghi elogia longamente a situação portuguesa e os últimos números que se conhecem relativamente à economia. estas declarações não podem nem devem ser lidas como mais do que uma hipótese académica, pois nunca foram referidas conversas, quanto mais negociações, sobre a matéria. portanto a resposta dada pelo sr. draghi tem uma relevância inversa à excitação da oposição face às mesmas.

o presidente do bce indicou um caminho para o governo português?

não me parece. é natural que se estudem vários cenários. hoje portugal tem uma credibilidade crescente e esse património deve ser sublinhado e aproveitado.

se a solução irlandesa se mostrar um sucesso, é uma porta aberta para portugal?

há da parte do governo um empenho total e de grande solidez para que tudo continue a correr pelo melhor. acordos como aquele que sucedeu entre cds, psd e ps quanto à reforma fiscal só podem melhorar a forma como somos vistos. aproximam portugal do exemplo irlandês.

que novidades tem sobre a avaliação do parlamento europeu à troika?

o documento ainda é bastante formal, mas o relatório terá conclusões sobre as falhas da troika. a diferença entre o que é dito pelos responsáveis políticos e a atitude dos técnicos da troika não pode ficar em claro. devia ter existido uma orientação única e uma imagem uniforme. esta é uma primeira falha que não é aceitável e deve ser denunciada.

luis.goncalves@sol.pt