as mulheres, muitas, aparecem recauchutadas e voam nos seus micro vestidos, tentando rivalizar com as novas ‘rainhas’ das pistas. se a festa ‘mete’ jantar basta olhar para o prato para perceber que sofrem bastante para manter a linha. já os homens também não escapam ao olhar de lince das mulheres. “olha como está desfigurado. até tinha graça, mas com aquela pança e a cara inchada ficou sem qualquer jeito”. claro que todos estes olhares desaparecem com o calor da noite. tanto os homens como as mulheres ganham a graça da ocasião e, por vezes, até se consegue vislumbrar a figura altiva de há alguns anos.
mas até se chegar a esse ponto, a conversa é outra: “não viste o antigo rp do espaço y que está careca, só com uns fios de cabelo, e balofo?”. “e aqueles dois que estão tão velhos? mas, apesar de tudo, continuam juntos”. é pois nesta sessão de má língua que decorre parte da festa.
confesso que gosto, sobretudo, de rever figuras que não via há alguns anos. pelo kremlin e pela kapital passaram milhares de pessoas. umas centenas eram-me familiares à vista. vivemos noites memoráveis e algumas nem tanto, mas foram duas casas que marcaram várias gerações. as noites de natal ditavam toda a diferença. no kremlin vivia-se a noite da consoada, a casa abria por volta das duas da manhã, e na kapital entrava-se pelo natal adentro como se já estivéssemos na passagem de ano. havia um clima quase familiar e os sorrisos diziam quase tudo.
nas noites de aniversário, o smoking chegou a ser obrigatório. as pessoas lutavam arduamente por um convite para o jantar que antecedia a festa e ninguém queria estar fora dos eleitos. é certo que os públicos do kremlin e da kapital eram muito diferentes, mas havia quase sempre uma grande misturada no final da noite, até porque a passagem de uma para a outra discoteca se fazia ‘internamente’. um corredor unia os dois espaços e a rapaziada gostava de percorrer esse corredor.
25 anos é muito tempo, mas venham mais outros tantos. parabéns aos irmãos rocha.
