Fashion…

O Natal tem destas coisas. Circular na cidade torna-se um inferno – é evidente que os semáforos, que estão ajustados para o caos matinal, acabam por criar um caos nocturno, já que estão ‘sintonizados’ para outro tipo de afluência de carros e peões -, os restaurantes estão cheios e é quase impossível jantar tranquilamente sem…

penso que nunca tinha visto uma casa de diversão nocturna com tanta gente como a que vi no sábado no lux. chegar a algum dos bares era uma tarefa que obrigava a um treino intensivo de resistência corporal e mental, tais os encontrões e os ‘despiques’ entre os clientes. o mesmo cenário se passava no bengaleiro onde comprar tabaco ou deixar o casaco implicava de novo outra longa espera.

apesar disso, a noite acabou por ser um sucesso já que poucos abandonaram a discoteca antes das seis da manhã. e só foi por volta dessa hora que se conseguiu chegar com naturalidade aos bares e ao bengaleiro. nos telemóveis de amigos chegavam notícias de outros amigos que andavam por outras paragens. todos sabiam que a casa estava cheia, mas noutras latitudes a história não era muito diferente. o sábado anterior à consoada costuma arrastar uma multidão ávida de divertimento e poucos se importam com as condições precárias dos espaços. é claro que muitos protestam, dizem mal das condições, mas, no fundo, acabam por querer estar onde estão os amigos.

na noite anterior tinha assistido a uma bela actuação de um dos melhores dj da actualidade: loco dice. também no ministerium algumas zonas estavam sobrelotadas, mas aí havia a hipótese de se fugir para o bar da entrada que estava mais desafogado. na sala de dança é que não existia muito espaço para bailarina(o)s mais exuberantes, tal era a densidade de público. em ambas as noites um facto era notório: as mulheres estavam vestidas de acordo com a quadra, enquanto os homens, na sua maioria, apresentavam indumentárias mais adequadas a um jogo de matraquilhos, talvez chique, é certo. as mulheres procuram cada vez mais abrilhantar-se quando saem à noite, ao passo que os homens entendem que o contrário é que é fashion.

vitor.rainho@sol.pt