para além das questões políticas mais prementes, dirigentes como paulo portas e telmo correia mostraram uma preocupação especial pela alma do partido. “devemos sair daqui com a alma lavada”, disse o presidente do partido, logo ao dirigir-se aos congressistas. daí a pouco, ao falar da troika, pedia que “afastassem a troika com toda a força da nossa alma”.
telmo correia, por sua vez, lembrou fernando pessoa para dizer que “a alma tem sido enorme”, referindo-se à alma dos centristas, mas também dos empresários.
na discussão das moções sectoriais, o discurso mais surpreendente foi o do subscritor da moção h nuno lobo, que se mostrou frontalmente contra o casamento e a co-adopção gay.
“as realidades familiares naturais são compostas por um homem e uma mulher e orientadas para o nascimento e boa educação dos filhos. o bem comum é prejudicado pela existência de famílias não-convencionais”, afirmou, suscitando alguns aplausos na sala. e prosseguiu: “os filhos são a finalidade do casamento que deve ser orientado por normas de estabilidade, permanência e fidelidade conjugal. assim, é possível formar-se pessoas decentes, cumpridoras das leis e das normas sociais”.
às 19h, quando terminou a apresentação das moções globais e sectoriais, estavam inscritos para falar 160 congressistas. luís queiró, que preside à mesa do congresso, fez as contas e calculou que a discussão iria durar oito horas se todos falassem o tempo regulamentar. para azar, a primeira congressista ultrapassou em muito o tempo e queiró teve dificuldades em travar o seu discurso. a organização acabou por lhe desligar o microfone enquanto o presidente da mesa do congresso sugeria: “tem que fazer um estágio na assembleia da república. ali, quando se diz que é para terminar, termina-se mesmo”.
durante o período de debate, foram várias as propostas em discussão. um dos congressistas defendeu que o estado isente de impostos as horas extraordinárias, como está a ser estudado em frança, ou recorra a uma lei de serviços mínimos, como na geórgia, uma referência que deixou muita gente na ignorância.
pelo palco, desfilaram uma série de membros do governo como pires de lima, assunção cristas, joão almeida, joão casanova ou paulo núncio. prometeram mais crescimento e menos impostos no futuro livre da troika.
mas houve também um cartão laranja, que um jovem militante, john antunes, levantou bem alto e mostrou a portas. “é um cartão laranja porque é azedo, é laranja por o cds navegar na crista da realidade. para isso já temos um psd”, afirmou, pedindo ao partido para “realizar ideias e agulhas”.