segundo portas, a sua demissão foi um acto para salvar a coligação, o governo e, em última instância, mesmo o país. “o que tem que ser tem muita força”, assegurou quando o seu discurso já ia em 50 minutos. o agora vice-primeiro-ministro explicou que “actuou em último recurso” e que “se nada fosse feito, a coligação poderia deteriorar-se”.
o líder do cds demitiu-se de ministro dos negócios estrangeiros dois dias depois da demissão do então ministro das finanças, vítor gaspar, devido a desentendimentos com o primeiro-ministro sobre o novo titular das finanças. portas não queria que fosse maria luís albuquerque e passos não lhe deu ouvidos. sobre isso, o líder do cds nada disse esta sábado aos congressistas. preferiu explicar de outro modo: “entendia que o governo devia entrar num novo ciclo mais virado para a economia. se a oportunidade da remodelação fosse perdida, perdia-se mais do que isso”. maria luís foi confirmada como ministra, um centrista (pires de lima) ficou com a pasta da economia e portas foi promovido a vice-primeiro-ministro.
“temos governo que chegue para vencer o resgate”, garantiu, recebendo aplausos e concluindo que “a economia e o país beneficiaram” com a crise de julho, um “momento muito difícil”.
segundo portas, ser governo neste momento não é possível “sem dilemas de consciência por vezes agudos, sem falhas e muitas vezes sem incompreensões”.
a demissão intempestiva de portas em julho, que apanhou de surpresa todos os dirigentes do cds e mesmo governantes do seu partido fez disparar os juros da dívida pública (mais do que qualquer chumbo do tribunal constitucional) e a troika temer que portugal não tivesse condições políticas para concluir o programa de resgate.