Portas garante que demissão ‘não foi um capricho’

Paulo Portas explicou pela primeira vez, este sábado, as razões da sua demissão de Julho. Aos congressistas do CDS, reunidos em Oliveira do Bairro, o presidente do partido garantiu que a sua decisão não foi “um capricho ou um enfado”. “Quem acha isso, não conhece o meu sentido de missão, mas o partido conhece-o”, afirmou,…

segundo portas, a sua demissão foi um acto para salvar a coligação, o governo e, em última instância, mesmo o país. “o que tem que ser tem muita força”, assegurou quando o seu discurso já ia em 50 minutos. o agora vice-primeiro-ministro explicou que “actuou em último recurso” e que “se nada fosse feito, a coligação poderia deteriorar-se”.

o líder do cds demitiu-se de ministro dos negócios estrangeiros dois dias depois da demissão do então ministro das finanças, vítor gaspar, devido a desentendimentos com o primeiro-ministro sobre o novo titular das finanças. portas não queria que fosse maria luís albuquerque e passos não lhe deu ouvidos. sobre isso, o líder do cds nada disse esta sábado aos congressistas. preferiu explicar de outro modo: “entendia que o governo devia entrar num novo ciclo mais virado para a economia. se a oportunidade da remodelação fosse perdida, perdia-se mais do que isso”. maria luís foi confirmada como ministra, um centrista (pires de lima) ficou com a pasta da economia e portas foi promovido a vice-primeiro-ministro.

“temos governo que chegue para vencer o resgate”, garantiu, recebendo aplausos e concluindo que “a economia e o país beneficiaram” com a crise de julho, um “momento muito difícil”.

segundo portas, ser governo neste momento não é possível “sem dilemas de consciência por vezes agudos, sem falhas e muitas vezes sem incompreensões”.

a demissão intempestiva de portas em julho, que apanhou de surpresa todos os dirigentes do cds e mesmo governantes do seu partido fez disparar os juros da dívida pública (mais do que qualquer chumbo do tribunal constitucional) e a troika temer que portugal não tivesse condições políticas para concluir o programa de resgate.

helena.pereira@sol.pt