‘Estou em desacordo com o referendo à co-adopção gay’

Teresa Leal Coelho demitiu-se esta sexta-feira do cargo de vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, na sequência da aprovação da proposta de referendo sobre a co-adopção e adopção gay. Em entrevista ao SOL, já tinha mostrado o seu desagrado nesta matéria.

é a favor da co-adopção gay. o referendo era preciso?

considero que esta matéria não deve ser referendada. estou frontalmente em desacordo. a minha visão é a de olhar para a sociedade tal como ela se realiza e salvaguardar a liberdade sempre que ela não provoque um dano na sociedade. é isso que acontece com a família. mas houve uma deliberação legítima no grupo parlamentar sobre o referendo em que minha visão resultou derrotada. foi um exercício democrático e estou confortável com isso.

se tirar portugal do resgate, o psd poderá ganhar as próximas legislativas?

o que nos move é resolver os problemas. mas os portugueses têm a clara percepção, não obstante estarem zangados, que esta maioria está a assumir uma responsabilidade não eleitoralista mas determinante para repor portugal num patamar de desenvolvimento. no fim do dia, vão reconhecer que foi com determinação e coragem que esta maioria tomou as medidas que tinham que ser tomadas para atingir esse objectivo. é muito importante que o psd esteja no governo no próximo mandato porque este ajustamento não se esgota em quatro anos. seria desperdiçar estes anos de sacrifícios desenvolver políticas que no passado já demonstraram estar no rumo da tragédia e da bancarrota. o ps actual não assumiu a sua quota-parte de responsabilidade, demitiu-se da sua responsabilidade e tem tido um desempenho pouco patriótico. o ps assusta as pessoas e aposta num discurso para criar o medo, que pode até afectar o nosso regresso aos mercados.

psd e cds estão mais próximos de fazerem uma ad pré-eleitoral nas legislativas?

é cedo para se tomar uma decisão. temos que ter uma estratégia para as próximas legislativas que garanta ao país que o rumo continuará coerente.

podem fazer um referendo interno sobre a ad como o cds?

não há essa tradição no psd.

percebeu melhor a demissão de portas em julho com a justificação que deu no congresso do cds?

não tenho que perceber nem melhor, nem pior. é um facto passado e temos que nos concentrar no presente e futuro. entendeu dar uma justificação junto dos seus, nós ouvimos, mas estamos muito confiantes na consistência da coligação. a coligação está mais forte e mais serena.

na eleição directa para líder do psd dia 25 passos não tem adversários. desejava quem o critica avançasse?

não tenho qualquer problema com o aparecimento de alternativas. passos coelho tem sido um bom presidente e um bom pm e esta ideia é relativamente consensual dentro do partido. quando alguém entende que pode fazer uma melhor liderança não deve ter medo de ir a votos. perder eleições é digno. demonstra que se foi apresentar um projecto.

está a falar de rui rio?

estou a falar em abstracto. não estou a falar para rui rio. é absolutamente legítimo que desenvolva a sua acção fora ou dentro de uma plataforma política. não sei se é rui rio que faz de si próprio um candidato ou se é a comunicação social ou outros militantes do psd que fazem de rio um eterno candidato. rio não pode pagar as favas de ser sistematicamente apontado como líder alternativo quando ele próprio diz que não é candidato.

está disponível para integrar as listas ao parlamento europeu?

o meu nome é falado por quem não tem legitimidade para elaborar as listas. só depois do congresso é que são formadas as listas.

nuno melo pode ser o número dois?

é matéria que o presidente do psd desencadeará, depois da constituição da comissão política nacional [que resultar do congresso].

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helena.pereira@sol.pt