“vamos discutir a calamitosa situação para que nos estão a conduzir e encontrar a melhor forma de – relembrando o nosso saudoso camarada capitão salgueiro maia – pôr fim ao estado a que chegámos” – afirmou ontem o presidente da aofa. o próximo passo é um encontro no dia 22 de fevereiro, no mesmo dia em que o psd estará reunido em congresso, em lisboa. “vamos discutir o que se justifica fazer e como fazê-lo”, explica ao sol. “este não é o destino que os portugueses escolheram nem o que os militares juraram defender! estamos fartos!”, sublinha, considerando que foram ultrapassadas várias “linhas vermelhas”.
os militares denunciam um retrocesso salarial, em alguns casos ao nível de 2002 (muitos ficaram em estado de choque com os cortes no salário deste mês e as novas tabelas da função pública), a suspensão da passagem à reserva, a redução de efectivos, a alteração às regras do suplemento de residência, a extinção do fundo de pensões dos militares das forças armadas, o corte de reformas e mesmo de pensões de sobrevivência de viúvas de militares.
o primeiro cemgfa que não esteve na guerra em áfrica
este novo protesto surge numa altura em que se prepara uma mudança na chefia do topo das forças armadas. em fevereiro, termina o mandato do chefe do estado-maior general das forças armadas (cemgfa), luís araújo, que vai ser substituído pelo actual chefe do exército. o general pina monteiro será, então, o primeiro cemgfa a não ter passado pela guerra de áfrica, nos anos 60 e 70. o actual cemgfa fez uma comissão de serviço em moçambique (tendo ganho uma cruz de guerra).
o exército passa à frente da marinha, tendo em conta a tradicional rotatividade dos ramos, porque o chefe do estado-maior da armada (cema) mudou há cerca de um mês e tanto o governo como o presidente da república não querem promovê-lo de rajada. nessa altura, o conselho do almirantado pronunciou-se sobre o facto de aquele ramo vir a trocar com o exército na chefia dos três ramos e não se opôs.
homenagem a salgueiro maia
entretanto, com a aproximação dos 40 anos do 25 de abril, a evocação de salgueiro maia faz-se de diversas formas. manuel alegre pediu esta semana que os seus restos mortais sejam trasladados para o panteão nacional e a proposta mereceu um apoio genérico do ps, mas não um apoio unânime dos grupos parlamentares, que há poucas semanas se entenderam para a trasladação da escritora sophia de mello breyner – esta sim, integrada nas comemorações dos 40.º aniversário do 25 de abril. a proposta deveria ter sido apresentada esta semana no parlamento por assunção esteves, mas a presidente do parlamento esteve ausente por doença.