“é lamentável que defina um perfil pela negativa”, afirma ao sol antónio capucho, considerando que passos “manifestamente afasta o candidato com mais credibilidade, de uma forma deselegante”. “queima uma candidatura forte, goste-se ou não dela”, explica. “não estou a ver ninguém com a mesma capacidade e o potencial de captar simpatia no eleitorado”, insiste.
para santana lopes, o psd é “especialista nisto” – e ‘isto’ significa, a seu ver, “partir a casa toda”. na cmtv, o ex-primeiro-ministro considerou, contudo, que apesar de o psd ter vários nomes de presidenciáveis, na ‘hora h’ não vai aparecer um nome forte: “eu conheço-os como à palma das minhas mãos. é difícil ir às próximas presidenciais porque a esquerda ganha, em princípio. se aparece um antónio guterres, quem vai lá do centro-direita? durão barroso não vai. marcelo desmaia se pensa que vai perder”.
mas nem todos acreditam que marcelo desistiu.
“ficou reforçada a hipótese marcelo, como candidato das forças do psd que não se revêem nesta liderança”, afirma o ex-ministro do ps augusto santos silva. “foi um favor que passos coelho fez”, considera manuel alegre. “quem garante que passos coelho está cá nas presidenciais?” – questiona o histórico socialista. santos silva porém, diz que “passos continua a ter o calendário a favor”, pois as legislativas são em setembro ou outubro de 2015. “ele deve ser candidato e é nessa altura que o psd tem de escolher o candidato às presidenciais de janeiro de 2016”.
o ‘prazer em dar bicada no marcelo’
segundo fontes próximas de passos, este não quis abrir a porta a durão barroso ou a outros candidatos contra marcelo. a intenção foi vincar o que deve ser um perfil presidencial – e “deve ter-lhe dado prazer dar uma bicada no marcelo”, disse ao sol um antigo colaborador.
passos não terá previsto, contudo, que marcelo reagisse de uma forma tão vigorosa e, por isso, declarou ter ficado “sinceramente bastante surpreendido” com a reacção. em declarações à sábado, ainda antes de ouvir marcelo, explicava que não quis excluir ninguém com o que escreveu na moção, “nem sequer a possibilidade de o psd vir a apoiar um não-militante do partido”.
“pretendi ilustrar o perfil a partir do desempenho do actual pr. não quero dizer que ele constitua o retrato-robô, mas está muito perto”, afirmou, numa justificação curiosa, tendo em conta que a co-habitação com belém não foi pacífica ao longo deste mandato.
os barrosistas, por seu lado, como nuno morais sarmento, não ficaram especialmente animados com este episódio, pois não vêem nele uma intenção de que passos deseje durão na presidência. de qualquer forma, garante fonte próxima do presidente da comissão europeia, mesmo que não queira ser candidato, “barroso nunca dirá que não quer”. para já, o que se sabe é que, nas sondagens, não chega a dois dígitos de popularidade.
entre os dirigentes do psd, as palavras de passos também foram recebidas com surpresa, por se considerar que o primeiro-ministro criou “uma nova guerra” com o comentador que ainda pode levá-lo a ser mais crítico do que já é, em relação ao governo. “e vitimizou-se, o que lhe pode dar jeito se mudar de ideias”, salienta-se.
por outro lado, há quem note que passos nem sequer precisava de falar nas presidenciais, que decorrem depois das legislativas – ou seja, numa altura em que o actual presidente do psd já poderá deixar de o ser.
helena.pereira@sol.pt
* com manuel a. magalhães