samba-panza terá primeiro de conseguir desarmar parte da população, dividida pelos confrontos religiosos entre muçulmanos e a maioria cristã. no último ano, a rca foi palco de uma sucessão de linchamentos e mortes (mil, só em dezembro) às mãos dos rebeldes muçulmanos do séléka e das milícias cristãs anti-balaka (antimachete).
a seu favor, a estadista – de 59 anos e a primeira mulher a assumir o cargo – reúne a qualidade apartidária. e o consenso: apesar de cristã, samba-panza tem o apoio de ambas as partes, que lhe reconhecem isenção.
traz também o rótulo de ‘reconciliadora’: em 2003, já tinha liderado uma comissão de diálogo nacional. e na segunda-feira, o discurso de tomada de posse ilustrou o ‘cognome’: “peço a todos os meus filhos, sobretudo os anti-balaka, que deponham as armas e parem com a luta. o mesmo é válido para os ex-séléka – eles não devem ter medo. não quero ouvir falar em mais homicídios e matanças”.
a nova chefe do estado sucede a michel djotodia, líder muçulmano e fundador do séléka, que após pressão da comunidade internacional renunciou no dia 10 ao cargo de presidente – assumido após um golpe de estado em março de 2013.
os cerca de 4 mil soldados da união africana e 1.600 de frança enviados para o terreno em dezembro de 2013 não chegam para aplacar a violência. catherine samba-panza pediu reforços, sublinhando à bbc que este número “não é suficiente para repor a ordem e a segurança”.
a união europeia já aprovou o envio de uma força multinacional de 500 homens, destinados à área de bangui, onde mais de 100 mil pessoas estão refugiadas em campos. sem segurança, a ajuda humanitária não chega às zonas mais remotas. a nível nacional, a rca somava em dezembro perto de 500 mil deslocados internos – ou 10% da população. esses números duplicaram.