os nomes de 13 familiares da cúpula política de pequim foram confirmados entre os 22 mil clientes da china e hong kong com fortunas em empresas offshore nas ilhas virgens britânicas, segundo dados do consórcio internacional de jornalistas de investigação passados a jornais como o le monde, the guardian ou el país.
entre os parentes envolvidos contam-se o filho e o genro do ex-primeiro-ministro wen jiabao, um genro do líder reformista deng xiaoping, um primo do antigo presidente hu jintao, uma filha do ex-pm li peng (que ordenou a repressão na praça de tiananmen em 1989). e ainda há mais de uma dezena de empresários, sem laços de sangue com o poder, que constam da lista dos mais ricos da china com bens em paraísos fiscais.
o facto de um cunhado do actual presidente xi jinping figurar na investigação como detentor de uma sociedade offshore é uma má notícia para o estadista, que tem tentado passar a mensagem de zero tolerância à corrupção, na luta por uma sociedade com menos desigualdades.
a mesma sociedade onde os 100 mais ricos somam fortuna de mais de 300 mil milhões de dólares – ao passo que cerca de 300 milhões de chineses (sobre)vivem com menos de 2 dólares por dia.
xi jinping, no entanto, não aceita tornar públicos os bens e a riqueza das elites governativas (e suas famílias) – uma exigência do movimento novos cidadãos, grupo da sociedade civil que denuncia casos de corrupção. um dos seus líderes começou esta semana a ser julgado por alegadamente incitar à desordem pública. pode ser condenado a cinco anos de prisão.
a investigação do consórcio estima que saíram da china, a partir de 2000, entre um e quatro biliões de dólares, colocados em paraísos fiscais. os offshores caracterizam-se por impostos baixos (ou inexistentes) e são legais: servem para as empresas ali sediadas fugirem à carga fiscal. mas também são associados à política do ‘não fazemos perguntas’ – como a origem do dinheiro, o destino do dinheiro, o dono do dinheiro? aparentemente, isso é irrelevante: multinacionais e bancos como pricewaterhousecoopers, credit suisse ou ubs serviram de intermediários nos negócios, segundo revela a investigação.
o governo reagiu secamente, pelo porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros: “do ponto de vista do leitor, a lógica de alguns destes artigos é pouco convincente”. os sites dos jornais com a história foram bloqueados na china.