o líder parlamentar, luís montenegro, garante ao sol que “nunca houve, nem nunca vai haver disciplina de voto” na co-adopção. “isso é uma coisa que comentadores e jornalistas andam a inventar!” – insiste, explicando que a disciplina de voto “não foi sobre a matéria substantiva”, mas apenas serviu para decidir o referendo.
“não me passa pela cabeça que possa haver disciplina de voto”, afirma ao sol a deputada do psd francisca almeida, que é a favor da co-adopção gay.
a co-adopção gay foi aprovada em maio com o voto de 99 deputados, 94 votos contra e 9 abstenções, estando presentes 203 dos 230 deputados. essa aprovação foi, assim, uma surpresa mesmo para o autor do projecto, o ps. agora, tudo pode ficar de novo em aberto.
críticas muito duras
“claro que pode ser aprovada”, diz ao sol a deputada do psd teresa leal coelho, que se demitiu da vice-presidência da bancada por discordar do referendo nesta questão. o referendo foi aprovado pelo facto de o psd ter imposto disciplina de voto, mas houve 12 deputados que manifestaram o seu desagrado, entregando declarações de voto.
apesar de não ser imposta disciplina de voto, a direcção do psd vai pedir a todos os deputados que não faltem à sessão, uma vez que a maioria dos faltosos em maio era contra a co-adopção e, se tivesse votado, o resultado teria sido diferente.
a aprovação do referendo causou divisões na bancada do psd e foi mesmo atacada por outras figuras sociais-democratas, como marques mendes, que foi muito duro para o seu partido. “o psd teve uma atitude absolutamente lastimável. esta questão de defender o referendo não foi uma questão de princípio nem de convicção. foi uma golpada”, acusou.
o deputado e líder da jsd, hugo soares, autor da proposta de referendo, viu o seu correio electrónico ser entupido por mensagens de protesto nos últimos dias.
nas declarações de voto, os deputados do psd que são contra o referendo, mas que cumpriram a disciplina de voto, consideraram que o referendo foi uma “manobra dilatória” para impedir a votação final da co-adopção gay e que o processo legislativo “não devia ter sido interrompido”.
leal coelho corrige marcelo
logo que a questão do referendo fique resolvida (no tc ou em belém, esperam os socialistas), os deputados do ps irão avançar com a votação. “nesse momento, o processo de suspensão da lei pode dizer-se que caduca. agendaremos de imediato o projecto da co-adopção”, diz isabel moreira ao sol.
em declarações ao sol, teresa leal coelho, que se ausentou da votação do referendo tendo-se demitido de seguida da direcção da bancada, afirmou que não quis ir contra a sua “consciência”.
e corrige marcelo rebelo de sousa que disse na tvi que ela não se pronunciara contra a ideia do referendo na comissão política do partido. “na comissão permanente votei vencida e, depois, na reunião da comissão política, que é mais alargada, os membros da comissão permanente em bloco assumiram a posição maioritária”, diz.
sobre a sua demissão da direcção do grupo parlamentar, teresa leal coelho adianta: “demiti-me porque, em consciência, não podia votar a favor do referendo e devia tirar consequências desse meu acto. para mim, era insustentável. nestas questões, temos que ter uma posição de firmeza”.