Em Novembro de 2013, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu reduzir a taxa de juro directora aplicável às operações principais de refinanciamento em 0,25% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez para valores de 0,75%. De referir que a taxa de juro de facilidade permanente de depósito não foi alterada, continuando a ser 0%.
Mediante a informação do Banco Central Europeu, continua a ser relevante para a política monetária a estabilidade dos preços, tentando controlar as pressões inflacionistas para valores abaixo dos 2%. Segundo estes dados, a área do euro poderá registar um período alargado de inflação baixa, seguido de um movimento ascendente gradual no sentido de taxas de inflação próximas de 2%.
Segundo o catálogo de Estudos da APEMIP – Associação dos Profissionais e empresas de Mediação Imobiliária, do 4.º Trimestre 2013, em Portugal o clima de austeridade que impera, coadjuvado por níveis de desemprego elevados e diminuição do poder de compra, faz aumentar o prémio de risco por parte da banca, reflectindo-se numa contínua restrição, com expressão no agravamento do spread. De acordo com o inquérito do Banco de Portugal aos bancos portugueses sobre o mercado de crédito, em Outubro de 2013, estes reportaram uma maior diferenciação dos clientes de acordo com o perfil de risco, tanto na habitação como no consumo.
As limitações impostas pela conjuntura económica, adensadas pela precaução da banca, e pela deterioração do poder de compra, traduziram-se na quebra dos montantes de novos empréstimos à habitação para as famílias. De facto, em 2013, foram concedidos nos primeiros nove meses cerca de 1.469 milhões de euros às famílias, valor inferior a anos anteriores, mas ligeiramente acima de 2012. Denota-se um ligeiro optimismo no mercado, ao qual não serão indiferentes variáveis como as mudanças legislativas no mercado imobiliário, os golden visa.
Sinais positivos a partir do segundo trimestre de 2013
Na análise da variação homóloga é possível observar um comportamento ligeiramente positivo a partir do segundo trimestre de 2013. Tendo em consideração os constrangimentos inerentes à compra de bens, continua a verificar-se que o peso da cobrança duvidosa na habitação registou valores inferiores, próximos de 2% em Julho, abaixo dos aumentos noutros créditos.
Se compararmos com outros anos verifica-se uma quebra vertiginosa na concessão de créditos à habitação. Em 2003 foram concedidos 12.944 milhões de euros, em 2004 o crédito atingiu os 18.260 milhões e em 2007 alcançou-se o valor mais elevado da década de 2003/2013, com 19.630 milhões de euros. Mas depois desse ano a queda foi abrupta, passando para 13.375 milhões em 2008 e até aos 1.935 milhões em 2012.