Longe dos holofotes dos grandes congressos e missões empresariais, Marrocos está a tornar-se um destino cada vez mais importante para as exportações portuguesas, uma das componentes que está a sustentar a retoma da economia.
Entre Janeiro e Setembro de 2013, as vendas para o país do Magrebe dispararam 70% face ao período homólogo, tornando-se no terceiro maior destino de Portugal fora da União Europeia e o décimo no ranking global, ultrapassando gigantes como a China e o Brasil (em 2012 era 5.º e 13.º, respectivamente).
Marrocos foi o destino onde as exportações nacionais mais subiram em 2013, a uma taxa dez vezes superior à média do mercado extra-comunitário (7,6% até Setembro).
Para esta subida foram determinantes as vendas de gasóleo que a Galp passou a fazer para o país africano, com a entrada em funcionamento da refinaria de Sines, uma unidade que tornou Portugal exportador deste combustível.
Fonte oficial da petrolífera refere ao SOL que, antes de Sines, as vendas a Marrocos eram “pontuais” e cingiam-se ao gás. Hoje, é um dos cinco maiores mercados internacionais da Galp e um “destino privilegiado” para a empresa, devido à proximidade geográfica – Marrocos é o país mais perto de Portugal a seguir a Espanha. Sem avançar números, a Galp adianta que o país do Magrebe é um comprador regular e que no futuro continuará a ser um mercado “interessante”.
Segundo um estudo do Gabinete de Estudos e Estratégia do Ministério da Economia, as vendas de combustíveis a Marrocos mais do que quadruplicaram entre Janeiro e Setembro de 2013, face ao ano anterior, subindo de 55 para 230 milhões de euros. Este acréscimo foi responsável por quase 90% da subida das exportações totais para Marrocos feitas por Portugal nos primeiros nove meses de 2013. A venda de metais também quase duplicou, para 130 milhões de euros.
Os produtos energéticos dominam as exportações lusas para Marrocos (38% do total), seguidos dos minérios e metais (23,7%), máquinas (11%) e químicos (9,5%).
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Marroquina (CCILM) adiantou ao SOL que o mercado marroquino pode ir muito além da energia, existindo oportunidades em áreas não tradicionais nas relações bilaterais, como a indústria agro-alimentar (ver entrevista). E lembra que o país pode servir ainda como plataforma giratória para outros países da região. As oportunidades estão lá, mas as empresas portuguesas precisam de “criatividade e audácia”, refere Tawfiq Rkibi.