Penso que na ilha se criou uma onda de solidariedade que levou a que muitos se oferecessem para ajudar nas buscas. Com apenas 18 meses de vida, Daniel acabaria por ser descoberto três dias depois, não muito longe do local onde desaparecera. Os médicos que o assistiram, com alguma reserva, confessaram que seria difícil uma criança de 18 meses ter resistido às condições climatéricas da região e sem se alimentar.
O país congratulava-se assim com o final feliz da história, apesar das pontas soltas deixadas para trás. Como foi possível um bebé de 18 meses ‘fugir’ de casa e resistir às condições climatéricas adversas? E como foi possível ir parar a um local que antes havia sido ‘varrido’ pelas forças policiais sem quaisquer sinais de Daniel?
Não é preciso é ser nenhum Sherlock Holmes para perceber que alguém queria ‘desviar’ a criança. Enquanto a Polícia Judiciária se ocupava desse ‘pequeno’ pormenor, eis que surge uma notícia surreal: o primeiro agente da PSP que chegou junto da criança aproveitou o momento para fazer uma selfie (fotografou-se a ele próprio com a criança) com o objectivo de vender essa mesma foto à comunicação social. Diz-se que o terá feito por 1.200 euros, valor que mais tarde viria a dizer destinar-se à família do Daniel…
Apetece-me dizer que o mundo enlouqueceu de vez. Imaginemos que em época de incêndios os bombeiros vão começar a tirar fotografias de pessoas em risco para venderem esses ‘bonecos’, alegando que estão a ajudar financeiramente as vítimas. O agente da PSP da Madeira não tem mesmo consciência do que fez. Quando todos procuravam saber as razões do desaparecimento da criança, o polícia tinha o sangue frio de tirar uma foto para lucrar com a situação. Será isto aceitável? No futuro tudo terá um preço? Acabou definitivamente a privacidade? Parece que sim…
vitor.rainho@sol.pt