Marcos Perestrello e Miranda Calha, que se abstiveram na votação para a constituição da comissão (proposta pelo PCP) e que não a integram sequer, são unânimes ao considerar, em declarações ao SOL, que as conclusões vão ser “aquilo que os partidos da maioria quiserem”.
“As comissões de inquérito tal como existem não adiantam nem atrasam”, explica Marcos Perestrello, considerando que “a Comissão de Defesa estava a fazer um trabalho de audiências muito mais abrangente do que a comissão de inquérito irá fazer”.
Também Miranda Calha é da opinião que “o modelo de funcionamento das comissões de inquérito não corresponde ao que é necessário para se apurar a verdade”. Este deputado defende, por exemplo, que em vez de um relator haja dois, ou que os partidos votem o relatório final em pé de igualdade e não obedecendo à dimensão do número de deputados de cada partido em plenário.
Calha diz não se opor a que se investigue a gestão dos ENVC passando por Sócrates e recuando até “ao tempo de Salazar quando os ENVC foram criados e de Vasco Gonçalves, quando estes foram nacionalizados”.
Por sinal, a própria presidente da comissão de inquérito, a socialista Maria de Belém Roseira, questionou na semana passada, em entrevista ao Jornal de Negócios, se “o regime actualmente em vigor é o mais adequado” no que se refere “ao relatório dos trabalhos”.