ARCO: A olhar para os mercados emergentes

Optimismo é a palavra mais ouvida na edição deste ano da Arco. A feira de arte contemporânea de Madrid tem a sua inauguração oficial hoje, ao meio dia, com a presença dos Príncipes das Astúrias – depois do dia de ontem já ter sido reservado a profissionais e convidados – e a expectativa da organização…

Um dos factores que influencia este optimismo é a recente decisão anunciada pelo Governo espanhol de reduzir o IVA nas artes plásticas para 10%, metade do valor aplicado desde 2012. Esta decisão, aplaudida por todos, gerou no entanto alguma confusão nas primeiras trocas comerciais, uma vez que a nova taxa só se aplica à primeira venda de uma obra, e não todo o seu percurso comercial seguinte, ao contrário do que inicialmente se pensou.

Ainda assim, o director Carlos Urroz, que assumiu o cargo há dois anos, está seguro e acredita que as vendas vão ser mais generosas do que nos anos anteriores. “Claro que a crise tem prejudicado as galerias, mas os bons artistas são sempre um valor seguro”, comentou informalmente com os jornalistas, no encontro que manteve ontem com a imprensa estrangeira acreditada.

A confiança demonstrada, além de fazer, naturalmente, parte do seu papel como director da maior e mais importante feira de arte ibérica, prende-se igualmente com a presença de centenas de compradores dos chamados países emergentes, cuja crise financeira que afectou a Europa e os Estados Unidos passa ao lado. E de facto, passeando pela feira no dia reservado aos profissionais, foi evidente pelos idiomas que se ouviam nos corredores entre os stands que os compradores chegam de todo o mundo. Só a Finlândia, o país convidado desta 33.ª edição, traz cerca de 30 curadores e coleccionadores, convidados das 11 galerias que este ano compõem o programa especial Focus Finland.

A importância da Finlândia nas artes plásticas, defende Urroz, é cada vez mais evidente e o convite para a Arco surgiu por isso mesmo. “Nos países nórdicos, em geral, há uma cena de arte emergente cada vez mais interessante e que fazia sentido trazer para ser descoberto aqui. Além disso, há cada vez mais coleccionadores graças ao museu Kiasma [em Helsínquia]”.

O que vamos encontrar então made in Finlândia? “Uma nova geração de artistas e coleccionadores jovens, com menos de 40 anos”, confirma Leevi Haapala, curador do Kiasma e responsável pela selecção das galerias e dos artistas presentes na Arco.

A maioria das obras que estes artistas finlandeses trazem exploram a natureza como tema, sendo o trabalho do artista Antti Laitinen, de 38 anos, o exemplo máximo disso mesmo. Na última Bienal de Veneza, a mais importante de artes plásticas do mundo, Laitinen foi o representante da Finlândia e, tal como aconteceu na cidade italiana, os trabalhos que apresenta na Arco resultam desse projecto intitulado Forest Square (2012-2013) e que parte do levantamento – literal- de um hectare de floresta.

alexandra.ho@sol.pt