Fazendo o balanço dos últimos dois anos, o primeiro-ministro interrogou várias vezes os delegados: “Pergunto, estaremos melhor ou estamos pior?”. E a resposta era sempre a mesma, a de que sim porque o PSD tirou Portugal do resgate financeiro.
“Por isso a oposição está zangada com o que se passa. Acha que se recuperarmos isso será a sua desgraça eleitoral”, afirmou Passos num dos raros momentos mais vigorosos do seu discurso de cerca de uma hora. Ironizando com o que a oposição entende que é a expectativa eleitoral do PSD, o líder acrescentou, embalado pelos aplausos dos congressistas: “Pensam que temos a possibilidade remota de ganhar as eleições».
E para que não restassem dúvidas as suas últimas palavras, antes de abandonar o púlpito, foram no mesmo sentido.”Não foi um acaso termos chegado aqui e não é por acaso que acalentamos a ambição de continuar nos destinos do país”.
Duro com o PS, o primeiro-ministro lembrou várias vezes o país que herdou de José Sócrates e testou uma nova fórmula para explicar por que razão as pessoas não devem penalizar o actual Governo, que aplicou medidas de austeridade: “Muitas pessoas queixam-se da cura porque confundem os remédios que estamos a tomar com a doença”. Mais: “o país não é sustentável com a receita socialista.
Rumo às eleições legislativas de 2015, Passos Coelho esforçou-se por falar de ideologia. Repetiu várias vezes a expressão social-democracia, completamente esquecida no Congresso de 2012. O momento agora convida às raízes, percebeu-se pelo discurso insistente do líder no ano em que convenientemente o partido até faz 40 anos. “O PSD não é hoje menos social-democrata”, garantiu. “Não há nada mais social-democrata do que pedir aos que mais têm um esforço maior quando a crise aperta”, tentou explicar. “Se os que têm mais pagam mais do que o que vigora para toda a gente, é ou não é um bom princípio social-democrata?”, insistiu.
No final do discurso, já com os congressistas aparentemente anestesiados, Passos ainda anunciou que Pinto Balsemão presidirá às comemorações dos 40 anos do PSD mas ninguém na plateia pareceu interessar-se. Não houve um único aplauso.
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