Homem de poucas palavras, o músico norte-americano não adianta se os concertos de amanhã no Cinema São Jorge, em Lisboa (esgotado há semanas), e no domingo na Casa da Música, no Porto, vão contemplar estas variações dub, mas Dream River será, definitivamente, parte importante do espectáculo.
Presente em quase todas as listas da imprensa mundial de melhores discos de 2013, o trabalho colheu elogios rasgados da crítica mundial, recuperando o nome do músico como um dos mais talentosos cantautores actuais. “A crítica não magoa, mas na realidade não tem significado nenhum. Se os críticos odiarem algo que faça, vou parar? Não. Por isso, quando adoram isso também não vai fazer parte da equação”, diz.
Quase a completar 50 anos de idade, durante os mais de 20 anos de carreira – primeiro como Smog e só mais recentemente em nome próprio – a escrita de Callahan foi sendo marcada por uma crueza constante. Por isso, é com surpresa que ouvimos o músico cantar em Dream River que é um homem afortunado e que a única coisa que quer é fazer amor com a sua amada. “Mais emotivo e luminoso”, como descreve o próprio, há um optimismo neste disco até aqui desconhecido no autor.
“Olho para os meus últimos três álbuns como se tivesse passado por pequenos orifícios e emergido do outro lado”, comentando, porém, que isso não quer dizer obrigatoriamente que as letras sejam autobiográficas: “É indispensável ter a liberdade de sairmos de nós próprios para escrever”. Ainda assim, o que se ouve em Dream River é um homem em paz consigo próprio. E com a certeza de que “a beleza existe e temos de a aceitar”.