O ex-ministro da Presidência separou claramente os planos. Apoia o Governo porque quer que se consiga “cumprir Maio”, mas não tem nada a ver com o passismo, os seus “guardiães” e “zelotas do templo” e com os ataques aos barões ausentes que dominaram o início do Congresso.
Sarmento mostrou logo o seu incómodo, revelando que nos últimos dias a sua intervenção suscitou “curiosidade” naqueles que procuravam “um qualquer sinal de dissidência”.
“Não devemos confundir independência com dissidência”, avisou e a partir daí foi duro. Foi duro com o PS, com Seguro, com Sócrates, com o PCP e até o BE.
Mas não sem antes defender que a militância do PSD “se faz lá fora e cá dentro”, nas televisões e nos jornais, defendendo, assim, ausentes que já foram criticados no Coliseu. E recordou que em 2009, quando Passos Coelho foi excluído das listas de deputados, insurgiu-se contra essa exclusão em Conselho Nacional, sem ter ouvido uma palavra de alguns dos que agora são seus grandes apoiantes. “Não me recordo de nenhum dos zelotas do templo que se arvoram em seus guardiões”, atirou.
Sobre o caminho eleito por Passos nós últimos anos, quase nada. “Esse caminho foi percorrido como a história vai registar”, limitou-se a dizer.
Sobre Passos, destacou a sua “têmpera e capacidade de liderança” e o ter levado Portugal “para terra firme”. Mas tratou de acrescentar que a moção de estratégia global apresentada pelo líder “tem de dizer mais: mais política e mais pessoas”. “Precisamos todos de poder voltar a sonhar”, defendeu.
Sem rodeios, assumiu que “a situação da maioria esmagadora das pessoas não é melhor” mas que o país inverteu o ciclo e que se o Governo demonstrar que os sacrifícios estão a valer a pena, então, “estamos melhor porque Portugal está melhor”.
Aplaudido várias vezes, acabou por receber a maior ovação ao atacar António José Seguro: “Faz-me lembrar uma daquelas telenovelas em que estamos três ou quatro semanas sem a vermos e quando voltamos a ver, está tudo na mesma. Quando o oiço, realizo que não perdi nada”.
E, dirigindo-se ao “Pedro”, deu-lhe um conselho: “Usa Jose Sócrates como barômetro, enquanto continuar a dizer que está tudo mal é porque estás na linha certa”.