Porém, nada disto fez com que o FC Porto se tivesse tornado o principal clube português em termos de adeptos. Poder-se-á dizer que a história joga a favor do Benfica, que conseguiu arregimentar os milhões de adeptos durante a década de 60 e 70 do século passado. Os dois indicadores para afirmar que o clube encarnado lidera a preferência dos adeptos são dados pelas audiências dos jogos televisionados onde entra e pela média de assistência dos seus jogos fora de casa.
Uma das razões para o FC Porto não ter cativado os mais novos – que querem estar com os vitoriosos – em número suficiente, deve-se, eventualmente, ao carácter regionalista do consulado de Pinto da Costa, que se tem revelado uma espécie de aldeia gaulesa que está contra tudo e contra todos. Além disso, ‘vendem’ uma imagem ‘siciliana’ que tem pouco de atractiva para a maioria das pessoas. Essa imagem era bem espelhada nas traseiras da garagem de onde deveriam sair os jogadores do Porto no passado domingo. Um grupo de homens de idade e de rosto fechado, defendidos por autênticos ‘gorilas’, desafiava a Polícia. Enquanto a direcção do clube queria que os jogadores enfrentassem os adeptos, obrigando-os a passarem por eles, a PSP decidiu, e bem, evitar esse confronto. Resultado: a PSP não cedeu no braço-de-ferro, apesar de um seu agente ter sido empurrado por um segurança – a RTP fez um excelente trabalho, mostrando tudo, o que em tempos não muito distantes seria impensável. O que se passou no domingo no estádio do Dragão foi emblemático, mas mostrou tudo aquilo que o FC Porto não deve ser no futuro. Um clube de bairro ajudado por rufias que ‘empurram’ polícias, jornalistas e todos os que se atravessam à sua frente. Se os sucessores de Pinto da Costa perceberem isso, o clube ganhará seguramente mais adeptos e tornar-se-á um verdadeiro clube nacional.