A necessidade de reduzir custos, as exigências de uma estrutura maior para cumprir a nova regulação europeia ou a maior confiança das instituições para fazerem aquisições num mercado supervisionado pelo Banco Central Europeu (BCE) são alguns dos factores apontados ao SOL por analistas e banqueiros.
“Por via da união bancária, os bancos podem ser obrigados a fazer alguma concentração”, admite Licínio Pina, presidente do Crédito Agrícola, em entrevista ao SOL a publicar proximamente. “Vai trazer a supervisão do BCE, que traz consigo maiores exigências de regulação. Cumprir essas obrigações tem custos que exigem alguma dimensão crítica”, diz.
Sete anos depois da última grande operação no sector – a tentativa falhada de fusão entre o BCP e o BPI -, as vozes no mercado admitem o regresso de novos negócios. Na semana passada, o presidente do Santander Totta disse em entrevista ao Negócios “ser desejável fusões entre os cinco grandes bancos”. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Faria de Oliveira, admite ao SOL que poderá haver concentrações, mas apenas “a médio prazo”.
Os analistas acreditam que esta movimentação só irá acontecer depois de os bancos “arrumarem a casa”. Ou seja, pagarem os empréstimos do Estado, reconhecerem as imparidades e crédito malparado na totalidade, optimizarem custos e terem balanços sólidos com contas validadas pelo BCE. “Um eventual comprador prefere comprar depois de conhecer toda a história, escrita por autoridades oficiais”, diz ao SOL João Pereira Leite, director de investimentos do Banco Carregosa.
Em Outubro deste ano, o BCE assume a supervisão dos maiores bancos na Zona Euro – entre os quais oito portugueses -, um evento que “dará mais confiança aos accionistas para a aquisição de outra instituição”, descreve Pedro Lino, da Dif Brokers.
Em 2013, os cinco maiores bancos (CGD, BES, BPI, BCP e Santander Totta) registaram, no conjunto, prejuízos de 1,6 mil milhões de euros. O sector espera começar a regressar aos lucros ainda este ano e melhorar em 2015.
Sobre eventuais operações de concentração, Pedro Lino avança com potenciais cenários: “Se a reestruturação do Banif for bem sucedida, o BES poderá tentar adquiri-lo. O BCP/BPI poderá ser algo para 2016, se o movimento de consolidação ganhar escala mundial. É sabido que o Barclays tem intenção de reduzir ou vender a sua operação, o que poderá ser aproveitado pelo Santander ou pelo BIC”.