Em ambos os casos, jogam no campo dos outros. Ao longo desta já larga carreira de passageiro da noite, tenho encontrado várias personagens que aparecem durante uns tempos, para logo desaparecerem após encontrarem a vítima. Quando reaparecem até dão ares de estarem mais novas, cheias de alegria, como que lamentando o tempo em que estiveram ‘fechadas’ em casa, na neve, nas ilhas das Caraíbas, enfim, onde, como diriam os mangas, ‘o arranjo’ as levou.
Detestam pelintrices, mas fingem gostar de algumas modernices, não prescindindo, contudo, de nesse seu regresso à vida activa nocturna, de frequentar os melhores restaurantes ou pelo menos aqueles que estão mais em voga.
Percebe-se também que não foi propriamente na noite que conseguiram conquistar o novo ‘salvo-conduto’. Isso terá acontecido nalguma vernissage tipo abertura de alguma loja de marca, um concerto intimista ou em casa de amigos comuns. Certo é que o passo seguinte passa invariavelmente pela noite. Onde, durante pouco tempo, mostram que estão cada vez mais jovens e que adoram a ‘loucura’ das pistas de dança. Procuram saber o nome de alguns dos DJ mais famosos, não necessariamente comerciais, e adoram dançar. Com a conquista garantida, retiram-se de novo e apenas saem à noite para jantar ou para as tais vernissages.
Os papagaios do pirata não são muito diferentes, embora tenham um prestígio incomensuravelmente inferior. Encostam-se a quem lhes pode proporcionar uma vida mais ou menos faustosa, no que aos costumes nocturnos diz respeito. Adoram estar nos privados das discotecas, de fazer auto-retratos com os amigos famosos ou endinheirados, mas são os primeiros a negar que um dos presentes lhes tire uma fotografia. Essa coisa dos outros lhes tirarem o retrato não dá com nada. Bom mesmo é olhar para a câmara e sorrir enquanto se diz ‘selfie’. Se o ‘passaporte’ para essa vida ficar sem visto, nada como adquirir outro. As pessoas são muito engraçadas…