Dez anos depois, a aceitação dos Dead Combo é inegável e já ninguém questiona, ou imagina de outra forma, a música instrumental que fazem. Aliás, no último ano e meio, muito por causa da participação no programa No Reservations, de Anthony Bourdain, o reconhecimento aumentou exponencialmente, com a banda a atingir, inclusive, o top de world music do iTunes norte-americano. “Com essas vendas fizemos quatro mil euros e esse dinheiro serviu para investir no lançamento de Lisboa Mulata [o disco anterior] em França”, conta Pedro, lamentando o facto de actualmente terem de ser os músicos a investir a cem por cento no seu trabalho. “Nos anos 70 as editoras apostavam em música. Mas desde os anos 80 para a frente começou a haver uma visão mercantilista da indústria. A música foi ficando para segundo plano e o que passou a interessar é se somos bonitos ou se temos o cabelo porreiro. Isso não tem interesse nenhum!”.
Quatro dias de estúdio
A Bunch of Meninos – o novo disco dos Dead Combo – foi gravado mais uma vez com os recursos dos dois músicos, mas desta vez houve mais margem de manobra. “Foi a primeira vez que fizemos pré-produção e fomos para estúdio”, diz Tó Trips, contando que anteriormente gravavam “de forma mais caseira”. Com um conforto financeiro maior, desta vez organizaram o trabalho todo antes de irem para estúdio e o resultado acabou por ser mais “eficaz”. “Reservámos nove dias de estúdio e usámos quatro”, refere Pedro.
Com esse tempo extra, em vez de criarem mais camadas ou nuances sonoras, começaram a limar as canções que tinham. Não é por isso de estranhar que A Bunch of Meninos seja o disco mais despido dos Dead Combo ou, nas palavras de Pedro Gonçalves, “o mais afirmativo, mas de uma maneira mais serena”.