Madeira cria associação de freguesias

A ideia nunca surgiu quando o PSD-Madeira, ao longo de vários anos, ganhou a esmagadora maioria das 54 freguesias na região. Mas o resultado das últimas eleições autárquicas, em Setembro do ano passado, fez com que o PSD ficasse com 32 freguesias sendo as 22 restantes entregues à oposição ou a independentes.

Na reunião da comissão política do PSD-M de 14 de Fevereiro último, ficou decidido entregar ao presidente da Câmara de Câmara de Lobos, Pedro Coelho, membro da comissão política, a organização dos eleitos do partido pelas freguesias por forma a concretizar essa associação de freguesias da Madeira, nos mesmos moldes da Associação de Municípios da Madeira (AMRAM). No final, Alberto João Jardim justificou a iniciativa com a necessidade de não depender da “colonial” Anafre.

A ‘apimentar’ a questão abriu-se recentemente uma nova guerra política: está em curso a substituição de Simplício Pestana à frente da delegação regional da Anafre, ele próprio alvo de um processo de expulsão do PSD-Madeira, no processo de pós-autárquicas. Rui Santos, o reeleito presidente da maior junta de freguesia da Madeira (Santo António), e José Pedro Gomes, presidente da Junta de Freguesia de São Roque, são dois autarcas funchalenses do partido e que estão a reunir apoios para apresentar uma lista às eleições da delegação regional da ANAFRE na Madeira, que decorrerá a 11 de Abril.

A guerra na sucessão de Jardim transpõe-se também para esta batalha: Jardim quer que o representante da Madeira na Anafre seja José Pedro Gomes. O outro candidato, Rui Santos, é um apoiante incondicional da candidatura de Miguel Albuquerque à liderança regional do partido. Apesar de o autarca funchalense ter sido eleito pelo PSD, Jardim deixa claro que a opção a seguir é Pedro Gomes e não Rui Santos. E quem não entender a ordem arrisca-se a “consequências estatutárias”, avisou o líder do partido, numa carta enviada aos presidentes de Junta (ou seja, quem desrespeitar será alvo de um processo disciplinar).

Agora considerada “colonial”, a ANAFRE já foi elogiada por Alberto João Jardim. A 28 de Março de 2008, quando a Madeira foi anfitriã do XI Congresso da ANAFRE, perante 1.500 presidentes de Junta, Jardim elogiou o trabalho “dos homens que não aparecem nas primeiras páginas dos jornais”. Tratou-se do congresso da Anafre onde o então presidente da Assembleia de República, Jaime Gama, considerou Alberto João Jardim “um exemplo supremo na vida democrática do que é um político combativo” – ele que, em 1992, havia apelidado Jardim de “Bokassa das ilhas”.

Na sequência das últimas eleições autárquicas, a direcção nacional da Anafre é agora presidida por Cândido Moreira, do PS, sucedendo a Armando Vieira (PSD).

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