Passados 40 anos da data da instauração da liberdade em Portugal, o célebre Monte do Sobral, que serviu de berço ao movimento revolucionário, encontra-se à venda por 850 mil euros. Com quatro hectares e um casario com cerca de 3.500 m2 de área, a propriedade está vocacionada para a prática de turismo rural e realização de eventos.
Este e outros imóveis importantes da história portuguesa encontram-se neste momento à espera de um novo proprietário, como por exemplo a Quinta do Palácio da Torre, residência do rei D. Fernando II, construída em 1860 sob a direcção do arquitecto Cinatti de Siena; ou a quinta com palacete de 1894 e parque botânico, próxima de Coimbra, visitada pela rainha D. Amélia.
E se o imobiliário em geral tem vindo a passar momentos difíceis nos últimos tempos, a comercialização de propriedades rurais, palácios, palacetes, quintas e imóveis de luxo não tem sentido essa ‘crise’. Muito pelo contrário, Francisco Grácio, administrador da PortugalRur, empresa familiar de capitais nacionais – que surgiu em 2000 para se dedicar a este nicho de mercado – revela que o mercado e a tipologia dos seus clientes não estão expostos à conjuntura económica, pelo que é natural a procura crescente por imóveis rurais exclusivos e de investimento.
Francisco Grácio explica que nestes períodos se fazem melhores negócios imobiliários, o que também contribui para o aumento do número de transacções. “Um terceiro motivo será a procura crescente – por todos nós, mas também por estrangeiros – de um Portugal genuíno. Isso está a criar a revitalização e repovoamento de algumas zonas do interior e novas oportunidades de negócio, o que leva à dinamização do mercado imobiliário rural, quer residencial quer de investimento, para sectores como a hotelaria, a agricultura ou a pecuária”, salienta o responsável.
O administrador da PortugalRur adianta ainda que, ao longo destes anos, se registaram algumas tendências e picos na procura, nomeadamente um período em que os espanhóis tinham grande interesse em herdades no Alentejo, para plantação de olival.
Nos últimos anos verificou-se também uma grande diversificação da origem de quem procura imóveis rurais, com destaque para o mercado chinês, francês, belga, holandês ou brasileiro. Cada um destes mercados tem o seu interesse muito bem definido.
Grande procura de quintas no Douro e herdades alentejanas
“Sem dúvida que as quintas no Douro e herdades alentejanas, com determinadas características, têm uma grande procura para um mercado em que a oferta não é muito vasta”, garante o responsável.
Depois, há interesse de investidores em imóveis com características para hotelaria – turismo rural, palácios e casas senhoriais para turismo de habitação – ou outras tipologias, que vão até ao hotel de cinco estrelas. Como é o caso do Torre de Palma Wine Hotel, uma unidade de cinco estrelas em Monforte que foi identificada, angariada e vendida pela PortugalRur há seis anos, e que acabou de inaugurar.
“Relativamente à rentabilidade, o imobiliário urbano em que operamos, casas de luxo, edifícios comerciais e escritórios, está a proporcionar taxas muito superiores às do sistema financeiro. Em grande parte dos casos acima de 7%, com contratos de média e longa duração”, adianta o responsável.
No que toca às grandes herdades, quintas ou outros imóveis rurais, a PortugalRur efectua um estudo detalhado das características da propriedade e da sua capacidade de produção, seja florestal, agrícola, pecuária ou potencial exploração turística/hoteleira.
Portugueses investem nas propriedades rurais e de luxo
“Apesar do interesse estrangeiro no património luso, o mercado português mantém o nível de procura a que nos habituou ao longo destes anos. Nos imóveis mais premium até está a haver um interesse superior”, esclarece Francisco Grácio.
Além da crescente procura de propriedades rurais, a PortugalRur tem verificado um aumento na busca por imóveis de luxo no eixo Lisboa-Cascais, motivo pelo qual acabou de fazer um investimento na capital, de forma a fazer um acompanhamento personalizado ao cliente. “Notamos que esta procura crescente de imóveis de luxo acompanha o crescimento e peso de determinados mercados estrangeiros no imobiliário em Portugal. No caso de belgas e franceses, a procura está a ser alavancada pelos benefícios fiscais. No caso dos compradores de fora da Europa comunitária, a obtenção de visto gold é um factor de grande importância para a decisão de investimento”, admite o responsável.
Neste momento, a PortugalRur tem cerca de dois mil imóveis (rurais exclusivos, de luxo e de investimento) em comercialização e 1.500 visitas por dia ao seu site, principalmente oriundas de outros países.