Apesar de sermos uma terra cercada por mar, não ficamos na rota da nova emigração de massas. Espanha e Itália, por exemplo, debatem-se diariamente com milhares de africanos de países onde não existe qualquer perspectiva de futuro. Há quem não entenda que se feche a porta a esses milhares de cidadãos, alegando que é desumano, e defendem que as fronteiras se abram de porta em porta. Parece-me um disparate total essa teoria, pois se não existirem limites, ninguém vai ficar bem. Nem quem está dentro, nem quem quer entrar. Deve, sim, procurar legalizar-se um número que possa integrar-se, de pleno direito, na sociedade onde chega sem criar ódios ou divisões. Atentemos, por exemplo, no caso de Angola e Moçambique, dois países que procuravam, em tempos, Portugal. Juntamente com os cidadãos de outros países das ex-colónias portuguesas formaram um grande contingente de ilegais que obrigou vários governos, e bem, a realizarem processos extraordinários de legalização. Mas nessa altura ouviam-se vozes contra essas medidas governamentais, pois os nacionais achavam que os empregos não chegariam para tantos.
Hoje vive-se a história ao contrário. São os portugueses que querem entrar no mercado de trabalho de Angola e Moçambique e alguns locais contestam essa ‘invasão’ tuga. Por isso, é natural que os vistos sejam tão difíceis de obter. Mas quem preencha os requisitos para acrescentar alguma coisa a esses países, e a outros, é natural que o consiga. Já os chineses, por exemplo, são muito odiados porque, precisamente, ‘roubam’ os postos de trabalho na construção civil. Nada como equilibrar as contas…
vitor.rainho@sol.pt