Golpadas

É já há alguns anos um clássico das noites de capitais africanas como Maputo ou, mais recentemente, de Luanda. Mas primeiro comecemos pelas conquistas esperadas. Expatriado é, na maioria das vezes, olhado como se de um banco se tratasse, não os de jardim, mas daqueles que guardam notas de dinheiro. É certo que hoje o…

O cenário contrário também acontece em alguns países europeus, onde as nativas olham para os empresários africanos como se estivessem a ver alguma mina de ouro à frente. É a vida de quem quer mudar e ter acesso a mais bens materiais, nem que para isso precise de entregar o corpo e a alma a quem não lhe apetece. Isso, como sabemos, acontece em qualquer parte do globo.

Nas minhas diversas viagens a África nos últimos anos tenho ouvido histórias verdadeiramente hilariantes, onde o tradicional conto do vigário é uma brincadeira de crianças em relação aos esquemas engendrados por algumas das mulheres que abrilhantam as pistas de dança de discotecas ditas normais. A mais comum é a da mulher que se deixa seduzir por um expatriado e que vai com ele para casa ou hotel enquanto o vai enchendo de beijos e festas. Calculo, pelo que me dizem, que vão fazendo declarações de amor e que eles são os homens das suas vidas. Meigos, educados e fascinados. O filme transforma-se quando finalmente entram no quarto e se preparam para se despirem. Aí, as mulheres começam aos gritos, arranham-se a elas próprias e dizem que vão chamar a Polícia, pois estão a ser agredidas. Se os apartamentos tiverem varandas esse é o lugar preferido para gritarem. Quanto mais chamarem a atenção, melhor. Mas todo este cenário de miséria se evitará se o expatriado tiver 500 dólares para resolver o problema. Até porque, caso não os tenha, pode ir parar uma noite à esquadra e levar nos dias seguintes com a visita de alguns amigos indesejados. Em Maputo, como disse, é um clássico.

vitor.rainho@sol.pt