Pelo PS, o líder António José Seguro aproveitou para dirigir as primeiras palavras aos portugueses “que passam por enormes sacrifícios” e agradeceu aos Capitães de Abril.
Seguro criticou o “maior ataque dos ultraliberais ao Estado Social e ao ideal europeu”. E frisou que a Democracia, o Estado Social e a matriz do ideal Europeu estão hoje ameaçados.
Por isso, assume Seguro, é necessário construir uma “democracia de confiança”. “Lutar contra esta nova cortina de ferro com que tentam dividir-nos entre países cumpridores e países incumpridores”.
Já o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, enumerou as reformas e direitos conquistados por Abril e que agora estão em risco devido à “submissão” à troika e às políticas de direita do Governo.
“Uma política e um Governo que estão a dar cabo do presente da juventude e a querer roubar-lhes alegria de futuro é que estão condenados à derrota e a não ter futuro”, afirmou Jerónimo de Sousa, de gravata vermelha.
Apesar do quadro negro traçado, Jerónimo garante que através da luta é possível uma vida melhor. “Mesmo quando tudo parece ameaçado, é pela luta que temos a convicção inabalável que nada está perdido para todo o sempre”.
Já o BE escolheu a sua deputada mais nova, Mariana Mortágua, para usar da palavra. Referindo que é de uma geração que já nasceu em democracia, a deputada afirmou que, com um “consenso de austeridade” que paira sobre o futuro, “é a própria democracia que está em causa”.
“O país não pode suportar a escolha entre a austeridade nefasta e a austeridade fofinha”, sublinhou a bloquista, para lembrar que “se Abril nos ensinou algo é que o mais impossível, uma revolução, pode ser criado pela vontade popular”.
Pelos Verdes, o deputado José Luís Ferreira, criticou os “catequistas da austeridade” e deixou vários recados, incluindo a Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, que esteve presente na cerimónia, criticando o “ensino para ricos” do tempo da Ditadura, que “alguns têm saudade”.
Do lado da maioria, PSD e CDS uniram-se para lembrar que Portugal está a pouco tempo da saída da troika, algo que, lembram, foi feito com a contribuição da maioria.
Às críticas da oposição ao caminho de austeridade que o Governo seguiu, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, assumiu, no seu discurso, que o partido “tem uma matriz ideológica”. “Mas não tem outra agenda que não seja o interesse de Portugal e o bem-estar dos portugueses”, frisou.
Montenegro elogiou as políticas do Governo que, segundo apontou, vão permitir um “Portugal Renovado” para os próximos 40 anos.
O pedido de consenso coube ao parceiro de coligação. “O dever para o futuro é reunir vontades, encontrar consensos e reconhecer que quando está em causa Portugal, não há divergências insanáveis”, afirmou o deputado do CDS, Filipe Lobo D’Ávila, num claro recado ao PS.
O centrista não deixou de mencionar o 25 de Novembro, essencial para uma “democracia pluralista”, disse, e sublinhou que o 25 de Abril “não tem proprietários exclusivos ou especiais. O povo português é o único dono”.