No que diz respeito à globalização, o mais impressionante é ver alguns países lusófonos a festejarem os golos encarnados, no caso em apreço, como se do seu clube de bairro se tratasse – ou dando mesmo mais importância do que aos clubes da terra.
Numa noite de glória não há portugueses, angolanos, moçambicanos ou cabo-verdianos. Há benfiquistas, portistas ou sportinguistas – que falam todos a mesma língua, embora com sotaques bem distintos. No que diz respeito à globalização, realce ainda para as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e que sentem nesse momento um orgulho que os leva a irem festejar para a rua.
Já no que ao lado mais radical dos adeptos de futebol diz respeito, é impressionante como vendo dezenas de vezes os lances, ninguém se consegue entender. Como é então possível sacrificar os árbitros que tiveram de decidir em segundos e que não tiveram a possibilidade de rever as imagens até à exaustão? Acho mesmo doentio essa obsessão pela verdade clubística. É pensando dessa forma que alguns saltam a barreira da democracia e se passam para o outro lado.
E o que dizer das agressões de que são alvo os adeptos que vestem uma camisola de cor diferente da dos agressores? No Porto e mesmo em Lisboa alguns simpatizantes do Benfica foram violentamente agredidos por quererem dar azo à sua alegria. Fará isto algum sentido?
Os próprios dirigentes não percebem que é necessário ‘cortar’ com os vândalos? Que os tempos são outros e que não é admissível que o futebol seja um campo onde talibãs ditam as suas leis? Mas o lado negro do futebol é isso mesmo: mostra o pior que há em cada um. Valha-nos o lado bom. Onde todos se sentem iguais e donos do seu clube.