Béla Guttmann não era homem para jogar competições menores. Levou o Benfica a conquistar duas taças dos Campeões Europeus, abraçou-as e, no momento de deixar o clube, proferiu a frase letal: “Sem mim nem daqui a cem anos uma equipa portuguesa será bicampeã europeia e o Benfica jamais ganhará uma Taça dos Campeões”.
Ponto final. Nem Taça das Cidades com Feira, nem Taça UEFA ou Liga Europa.
Em 1961 levou o Benfica à primeira final da Taça dos Campeões e, ante o favorito Barcelona de Kocsis, respondeu à altura e venceu por 3-2.
A Europa ficou espantada, mas não o húngaro que chegara a Portugal para treinar e levar o FC Porto ao título de campeão em 1959, quebrando um jejum de 15 anos dos azuis-e-brancos.
No Benfica, e já campeão nacional e europeu, atingiu o bicampeonato – em Portugal e na Europa.
Guttmann percebeu o que tinha em mãos – Eusébio – e não desperdiçou o talento, que disse rivalizar com Pelé, outra frase que ficaria para a história. Com o miúdo moçambicano em alta motivação, o Benfica bateu na final da Taça dos Campeões de 1962 o Real Madrid por 5-3, com Eusébio a roubar o protagonismo a Di Stéfano.
Béla era rei da Europa e queria ser pago como tal, mas o Benfica não estava disposto a abrir os cordões à bolsa. Não investiram no húngaro e substituíram-no pelo chileno Fernando Riera. Triste, lançou o feitiço. Uma maldição que perdura até hoje, com cinco finais perdidas pelos “encarnados”.
Uma maldição que se virou para o próprio, que também nunca mais atingiu o sucesso que alcançara no Benfica, nem de perto.
E mesmo que o Benfica ganhe hoje por goleada ao Sevilha em Turim, não a quebrará – nem a estátua oferecida por um húngaro e que já está no estádio da Luz poderá surtir efeito. Talvez para o ano, na Liga dos Campeões…