Se estes exércitos de gente fossem eliminados, não seriam necessários outros cortes nem excessos de impostos (os impostos são bem aceites, quando sensatos e bem canalizados, como se vê pelos países nórdicos), e menos ainda despedimentos de funcionários públicos ou extorsão a pensionistas.
O conhecido criminologista Barra da Costa pôs a circular na Internet (eu recebi por e-mail) uma lista de apenas 29 assessores / adjuntos (há mais umas centenas de boys deste tipo, assegura ele, e nós sabemos) a "trabalhar" nos Ministérios do PPD/PSD e CDS, onde já estiveram outros do PS, todos de idade inferior a 30 anos, havendo entre estes 14 "especialistas Cerelac" com idades entre os 24 e os 25 anos. Mais de 2 milhões euros/ano, só estes poucos, que recebem 4 e 5 mil euros ao mês, nem sei quantos meses por ano.
E o resto das mordomias? E os seguranças a torto e a direito, por causa da impopularidade dos governantes? E os carros do Estado atribuídos por toda a gente, para serviço e não serviço, incluindo vice-presidentes do Parlamento e grupos parlamentares? E o gabinete do primeiro-ministro, pejado de assessores e adjuntos e secretárias e motoristas, e contínuos a recorrer ainda a outsourcing para atendimento de telefones, com um amento de 100% no pagamento de 2013 para 2014? E o escândalo de haver quem diga ser isto o preço da democracia? Então todos os outros países ocidentais e democráticos não são realmente democráticos, por não extorquirem aos contribuintes este preço em mordomias politicas inexplicáveis?
Valia a pena terem assistido a um filme divertido que aí esteve, com o errado título de Palácio das Necessidades. Passava-se em França, no Quai d’Orsay, ou Ministério dos Negócios Estrangeiros, e mostrava como o ministro lá só pode formar gabinete com funcionários da Casa. Um único que ele quis contratar, do Partido, teve de ficar clandestino, e mal tratado. Enfim, como todos os outros, com excepção de Portugal, França não paga o tal preço de democracia. Será por isso que Hollande é quase tão mau e impopular como Sócrates ou Passos Coelho?