Final de alto risco

O controlo dos adeptos é um dos maiores desafios para a Polícia na gestão do maior e mais exigente evento desportivo realizado em Portugal desde o Euro 2004.

Final de alto risco

Além dos 34 mil adeptos que compraram bilhete para assistir à final da Champions, disputada entre o Real Madrid e o Atlético de Madrid no estádio da Luz, “muitos outros” deverão cruzar a fronteira este sábado. “Uns virão em grupo, outros isolados, de comboio, autocarro e em carros particulares”, nota o superintendente Jorge Maurício, que lidera o comando da PSP de Lisboa.  

O oficial garante, no entanto, que a PSP está preparada para controlar focos de conflito: “Sabemos que pode haver consumo de álcool e outros comportamentos de risco, mas numa primeira fase temos de ter low-profile e capacidade de diálogo para resolver as situações sem conflito”. E lembra: “Temos provas dadas nesta matéria”. 

É que, apesar de “a esmagadora maioria dos adeptos” não representar “qualquer ameaça”, há facções radicais no seio das claques que são motivo de preocupação. A Frente Atlético é considerada das mais violentas de Espanha e tem facções radicais conotadas com a extrema-esquerda e extrema-direita. Uma delas,  a Bastión – fundada em 1998 por estudantes bascos, com ligações à extrema-direita e a grupos neonazis -, é até bem conhecida da PSP: em 2010, causou distúrbios junto ao estádio de Alvalade, onde atacou a sede da Juve Leo. 

O Real Madrid também tem nas suas fileiras muitos adeptos de risco. A claque Ultras Sur, conotada com a extrema-direita, também é uma dor de cabeça: alguns adeptos já foram banidos pelo próprio clube, devido ao comportamento violento e provocatório (exibiram símbolos nazis num dérbi contra o Atlético). Recentemente, o clube de Florentino Pérez decidiu criar uma outra claque, a Grada Jovem de Animación, composta por jovens adeptos. 

Para prevenir o pior, a prioridade da PSP é “segregar” adeptos dos dois clubes – sobretudo os considerados de risco. E criar “acessos e trajectos distintos para cada grupo, desde os diversos pontos da cidade até ao estádio” – garante fonte oficial. 

A PSP deverá usar um dos drones recém-comprados para controlar as movimentações dos adeptos no recinto do estádio da Luz. “Se tivermos uma perspectiva aérea, é mais fácil, por exemplo, agilizar meios para travar a aproximação de grupos de adeptos rivais”, sublinha o responsável máximo pela operação de segurança do jogo. 

sonia.graca@sol.pt