Em regra, essas verdadeiras cidades flutuantes chegam e atracam de madrugada para dar tempo a que os passageiros possam preparar-se para os passeios extra previamente acordados – por exemplo a Fátima, a Mafra, a Sintra – numa jornada de um dia que termina ao fim da tarde, pouco antes do jantar a bordo, em horários de escala que podem variar em função do número de turistas que habitualmente desembarcam nos portos escalados e da hora mais adequada para zarpar em direcção à escala seguinte.
Por escrito ou de viva voz, os passageiros são informados do local onde estão estacionados os autocarros que os levarão, em passeio, aos destinos reservados, bem como do que podem fazer em Lisboa os sempre muitos que optam por visitar a cidade livremente dispensando os programas organizados. Estas informações são as que mais contam para a formação da nossa imagem junto de públicos alvos tão importantes como os passageiros dos grandes cruzeiros.
Estou certo que a generalidade desses discursos dirão que Lisboa é a capital de um pais com enormes tradições de bom acolhimento aos visitantes estrangeiros, onde sempre, mas principalmente de dia, é seguro andar a pé, é seguro e até barato utilizar os transportes públicos, colectivos ou individuais e é inesquecível fruir a própria cidade que realmente tem alma e clima mediterrâneos apesar de ser um das históricas cidades do Atlântico Norte e a capital de um antigo império que se estendia por muitos continentes.
Os turistas que chegam a Lisboa por esta via privilegiada serão – estou certo – também informados que o centro da cidade, reconstruído com uma visão invulgar na sequência do célebre terramoto seguido de maremoto (tsunami) de 1755, alberga hoje uma das zonas comerciais de maior luxo e referência da Europa, informações complementares de outras, mais reconhecidas, como a que referencia a cidade como a capital do fado, uma canção que recentemente foi classificada, pela UNESCO, como patrimônio imaterial da Humanidade, a par do tango ou do flamengo.
Na terça-feira da semana passada desembarcaram em Lisboa, 13 mil passageiros de seis cruzeiros a que se juntam 5 mil tripulantes, numa ‘invasão’ turística que nesse dia terá deixado na cidade mais de um milhão de euros. A concentração destes gigantes do mar em Lisboa, com relevo especial para três grandes estrelas da companhia britânica Cunard – o Queen Elizabeth, o Queen Victoria e o Queen Mary 2 – mereceu a atenção, pela positiva, do presidente da Câmara, António Costa, e do secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes.
Lisboa e o país estão de parabéns, não só por ser escala de grandes cruzeiros, mas principalmente por não descansarem sobre esta boa imagem e apostarem em mais e melhores ofertas neste campo criando condições para que o porto de Lisboa possa ser porto de chegada e de partida de grandes viagens turísticas marítimas, com as vantagens acrescidas que tal significa, como o presidente António Costa sublinhou.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente